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Os do Norte
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Sinopse. Drama com elementos fantasiosos, narra os acontecimentos
num minúsculo vilarejo (constituído apenas de uma rua entre duas fileiras de
imóveis) holandês na década de 1960. Enquanto acompanha pelo rádio o desenrolar
dos acontecimentos políticos no Congo, com a fuga do ex-Primeiro Ministro
Patrice Lumumba (por quem é fascinado a ponto de pintar-se de preto e vestir-se
como ele), o menino Thomas alterna o dia-a-dia na escola com visitas à floresta
e encontros com uma mulher misteriosa. Paralelamente, a mãe de Thomas, Martha,
assustada com os avanços libidinosos e diários do marido, o açougueiro Jakob,
se volta cada vez mais para a religião, passando a ter visões e a fazer greve
de fome. Fora da casa, o carteiro Plagge, violando a correspondência dos
habitantes, sabe todos os segredos e bizarrices da cidade, enquanto Anton,
guarda florestal que leva o rifle para todo lugar aonde vai, descobre que é
estéril, além de impotente. A chegada de uma expedição missionária belga,
trazendo um negro africano dentro de uma jaula, trará mudanças na cidade,
quando Thomas resolver libertá-lo.



Comentário. Povoados pequenos, onde as manias, obsessões, fantasias
e taras de seus habitantes são narradas com toques líricos ou surreais,
geralmente rendem boas histórias, dependendo da sensibilidade ou da ambição do
autor. Seja com o objetivo de emocionar, surpreender, fazer rir ou até
reproduzir, em escala reduzida, as agruras e complexidades sociais, não faltam
exemplos de obras bem sucedidas.



Os do Norte (De Noorderlingen,
Holanda, 1992) pode ser incluído nesta categoria. A situação da cidadezinha,
aparentemente um investimento imobiliário ao qual não foi dado continuidade (seria
“o futuro”, mas resultou num conjunto de casas no meio do nada e ao lado de uma
floresta), por si só já causa a estranheza e curiosidade necessárias para
atrair de imediato a atenção. Que permanece, quando os primeiros personagens
começam a surgir: o menino pintado de preto dizendo ao carteiro que seu nome é
Lumumba; a esposa que é aconselhada a “vestir-se como uma maltrapilha e parar
de usar batom” para fugir das investidas do marido tarado; o carteiro no meio
da floresta abrindo a correspondência como se fosse a coisa mais natural do
mundo enquanto o guarda florestal, que acabara de deixar na cama a esposa
insatisfeita, sai pela rua de rifle em punho.



Embora possa parecer de fácil
construção, tal cenário não funciona se não houver a dosagem certa de bizarrice.
Nem um elenco carismático o suficiente para executá-la. Por sorte o diretor
Alex Van Warmerdan, também roteirista e ator (é ele quem interpreta o
carteiro), cercou-se de talentosa equipe para encenar as suas histórias. Van
Warderman juntou um elenco de personalidade marcante a uma trilha sonora
agradável (a cargo possivelmente de alguém da família do diretor, Vincent Van
Warmerdan) e a uma direção de arte que torna convincente o fim de mundo onde se
desenrola a ação. Alguns momentos podem até pecar pela previsibilidade (o que
pode acontecer quando se tem um marido insatisfeito de um lado da rua e uma
esposa insatisfeita do outro?), mas são compensados, como na sequência de
Thomas entrando no lago e, submerso, vendo Agnes, a mulher misteriosa. Para o
menino, será uma daquelas ocasiões de que se lembrará para o resto da vida, ao
mesmo tempo brincadeira lírica e despertar de uma paixão. Mérito também para o
jovem ator Leonard Lucieer, cujos olhares repletos de curiosidade servem bem ao
menino Thomas.



O roteiro se desenvolve rumo à
tragédia, mas o faz como se estivesse cambaleante e embriagado, dando voltas e
promovendo equívocos. O espectador sente que a perseguição do guarda florestal
ao negro fugitivo caminha para a tragédia, mas acaba vendo-a interrompida por
tantos incidentes que o desfecho acaba sendo outro. Há poucos diálogos no
filme, e este silêncio dos personagens combina com o ambiente em que vivem. Os
“vazamentos” de cenas são bem explorados, com as situações vividas por
determinados personagens entrando na trama de outros. É assim, por exemplo, com
a funcionária do açougueiro que, atacada sexualmente por seu patrão, monta na
bicicleta e atravessa o vilarejo aos berros, aos olhos de todos. Inclusive de
Thomas, o menino que, na floresta, procurava a sua mulher misteriosa na
floresta. Também é assim durante a briga entre o açougueiro e a esposa, que se
agridem no meio da rua tendo a população, nas janelas, como plateia.



Pouco conhecido no Brasil, Alex Van Warmerdan é também
produtor, músico e pintor. Iniciou sua carreira em 1986 com Abel. Este Os do Norte é seu segundo longa metragem, e em 2006 ele realizaria
o curioso Garçom.



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