Amor
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Os professores de música erudita Georges (Jean-Louis
Trintignant) e Anne (Emmanuelle Riva) têm mais de 80 anos e vivem num amplo
apartamento em Paris.
Recebem escassas visitas, entre elas a da filha, que mora em
outro país. O drama de 127 minutos mostra, primeiro, como o casal de idosos
encara a velhice, são como a própria casa material: digna, limpa, arrumada, em
ordem, o que talvez reflita a ordem mental. No entando, a harmonia possível é
colocada à prova quando Anne sofre um acidente vascular cerebral, que a deixa
um lado do seu corpo paralisado. Após este episódio, a demência invade.
Quem toma conta de Anne é o marido que, em alguns momentos
mostra a exaustão a que é levado física e psiquicamente. Um antigo aluno de
Anne, ao visitá-la, ainda quando está apenas em cadeira de rodas, não
demenciada, mostra-se piedoso, e manda um bilhete, depois, dizendo que os
momentos passados com o casal de velhos foram belos, porém tristes. Motivo
suficiente para que os dois não recebam mais o jovem concertista em casa. Não querem saber
de pena nem de compaixão.
A filha, desesperada pelo estado da mãe, tenta melhorar a
situação, mas só a piora. Quer da idosa o que ela não pode dar. Quer a mãe
conhecida até antes da doença se instalar, força a barra. Não consegue. Frustrada,
deprimida, vai embora. Georges, por sua vez, monitora de perto o trabalho das
cuidadoras de Anne. Uma delas é dispensada por maus tratos à idosa. Antes de
ir-se embora, repreendida por Georges, o ofende, como se a velhice fosse uma
ofensa ainda maior, mais meticulosa por experiências que a longa vida oferece.
Amor é um filme para todas as idades, embora a censura o
interdite a menores de 14 anos. Como se diz, é envelhecer ou morrer, e como a
maioria tem medo da morte, parece mesmo que o destino é viver até que a velhice
o permita. Georges e Anne ensinam a encarar o fato com a força de uma vida que
valeu a pena, que não pede desculpas nem diz obrigado - este último, aliás, por criar um vínculo de
obrigação com os demais, pode ser a forma mais corriqueira de tornar-se
escravo. A tal da melhor idade, enfim, pode existir, apesar dos males que acometem, principalmente, o corpo. Porém, sem ilusões. O que não foi resolvido a vida toda, não vem de presente com a velhice. O apego a mágoas e outros sentimentos não desparecem como que por encanto. Ou seja, não amadurecemos porque a idade avança. É preciso muito mais do que o contar dos anos, é preciso vivê-los e compreender o sentido da experiência, para poder crescer. Quando o crescimento já não é mais possível ao casal, Georges mata Anne e logo após comete suicídio.
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