Memórias póstumas de Brás Cubas
(Machado de Assis)
O narrador do livro é Brás Cubas, membro da alta sociedade
carioca que acabou de falecer. Brás relata ao leitor a sua morte e conta que
escreve o livro desde o além. Sendo assim, ele seria um defunto autor e,
portanto, não teria motivos para tentar dissimular ou enganar o leitor de
qualquer forma. Isso posto, Brás começa a recontar a história de sua vida,
desde a tenra infância até os últimos anos.
Brás
Cubas sempre foi um membro abastado da sociedade, vivendo uma vida de luxos e
folgas, participando de eventos sociais e exercendo atividades típicas de sua
classe social. Ao longo do livro, são contados episódios da vida de Brás, como
sua infância, sua juventude e suas aventuras amorosas, e por fim sua velhice e
posterior falecimento. O narrador assume um tom irônico e debochado que
escarnece de tudo: das pessoas com quem viveu, dos lugares, de si próprio, etc.
Alguns
dos momentos mais interessantes do livro são o romance do narrador com Marcela,
cortesã carioca que por algum tempo se envolveu com Brás apenas para usufruir
de sua riqueza, episódio que gerou a célebre frase: “Marcela amou-me durante
quinze meses e onze contos de reis”, e o romance de Brás com Virgília, paixão
antiga de Brás que acabou se casando com Lobo Neves, um aspirante a político,
por ver nele melhor potencial do que no boêmio Brás. Brás e Virgília se
envolvem em um relacionamento adúltero e jamais são descobertos por Lobo Neves.
A grande ironia da situação é que Brás e Lobo Neves acabam, nesse processo, se
tornando amigos.
Enfim,
a obra termina novamente com o relato da morte do narrador e de suas causas:
uma pneumonia. Brás Cubas termina seu livro dizendo que “Não tive filhos, não
transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”.
Características
da obra Memórias
Póstumas de Brás Cubas é um livro único na Literatura de Língua Portuguesa.
Isso porque sua estrutura não é equiparada por nenhuma outra obra na literatura
de nossa Língua. Existe, todavia, confusão teórica na hora de classificar esse
livro. Alguns estudiosos o consideram parte do Realismo, por realizar um estudo
da hipocrisia da sociedade carioca da época de Machado de Assis. O livro faz
também um estudo psicológico dos personagens, mostrando as vontades que movem
seu interior, inclusive do narrador, Brás Cubas. Todavia, o livro não é livre
de elementos românticos. Enquanto a maioria das obras Realistas e Naturalistas
apresentam narrador onisciente em terceira pessoa, Memórias Póstumas possui um
narrador personagem, em primeira pessoa, mecanismo muito caro ao Romantismo.
Assim, apesar de ser desenvolvido um estudo de personagens aos moldes do
Realismo, o leitor está sempre preso à subjetividade de Brás Cubas, o narrador.
Desse modo, não se obtém o efeito realista e, como em outras obras machadianas,
pode ser questionada a credibilidade do narrador.
Outro
ponto crucial para compreender a importância de Memórias Póstumas de Brás Cubas
é a configuração de seu narrador: no começo do livro, Brás Cubas afirma ser o
autor, um autor que escreve de seu túmulo. Assim, Machado de Assis constrói uma
estrutura narrativa extremamente complexa, na qual temos:
Machado
(autor real) > Brás Cubas (autor fictício) > Brás Cubas (narrador do
livro)
Isso
contribui para a descaracterização dos elementos realistas na obra de Machado,
ao mesmo tempo em que contribui para a verossimilhança da obra: um defunto
autor não tem motivos para esconder, para dissimular, podendo escancarar a
hipocrisia da sociedade em que viveu e de si próprio. Esse é o grande mecanismo
do livro, que lhe rendeu inúmeras análises.
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