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Aspectos da vida de Michel de Montaigne
(Saunier)

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1 – Aprendizagem do latim – No castelo de Montaigne, no Périgord, nasce em 28 de fevereiro de 1533, Michel Eyquem de Montaigne. A suavidade de sua educação, seus despertares com música, tornou-se proverbial. Todos que o acompanhavam, inclusive o preceptor, só falavam o latim. Aos 6 anos entra para o colégio de Guyenne, em Bordeaux (1539-46), ilustre casa de latinistas. Quando termina seus estudos secundários, ele já possui o instrumento para todas as suas pesquisas, ou seja, uma excelente cultura latina.

2 – Aprendizagem do mundo – Ele estuda Direito em Toulouse, e entra logo para a categoria de funcionários reais e oficiais de justiça. Depois passa para o Parlamento de Bordeaux (1557-70). Mais tarde ele encontra um amigo, Etienne de La Boétie, conselheiro no mesmo Parlamento, que vêm a falecer pouco tempo depois (1563). La Boétie lega a Montaigne três preciosas lições que ele jamais esquecerá: “O valor de uma amizade, a facilidade de quem tem domínio e firmeza de alma para enfrentar as dificuldades da vida e acolher a própria morte, e por último a necessidade de viver a sabedoria em vez de considerá-la como tema de discussões, de possuir os temas bem gravados no coração, indispensável para “uma verdadeira prática de nossos estudos de filosofia”.

3 – O retiro (1570-1580) – Após a morte de seu pai (1568), ele renuncia ao seu cargo em favor de Florimond. Publica, em Paris, um compêndio das obras de Boétie (La Ménagerie de Xénophon, 1570). Depois, volta para sua terra, não para deixar uma vida mediana por outra mais elevada, mas pelo gosto de independência. Em 28 de fevereiro de 1571 ele redige os votos de servidor das musas, decidido a conviver com as virgens na calma e na segurança. A partir de 1572, isolado em sua livraria, no alto de sua torre, ele “começa o seu namoro” que é a redação dos seus Ensaios.
A leitura é a sua grande fonte de idéias. Os latinos são os preferidos: poetas, historiadores, poucos oradores, muitos moralistas. Os gregos traduzidos para o latim, e os compiladores antigos e modernos.
Algumas vezes Montaigne deixa o seu retiro e visita os amigos da região: marechal de Montluc, Pierre de Brach, Peletier...
O primeiro desejo de Montaigne foi de elaborar o mais rápido possível uma compilação de anedotas e episódios com pequenos comentários.
No começo foi a fase do estoicismo: o desprezo da morte com “filosofar é aprender a morrer”, o desprezo dos fracassos com a frase “confiar na razão evita a pobreza e as doenças”.
Mas logo vem a fase do ceticismo. Em 1576 ele cunha a famosa fórmula “O que sei eu?”
Nesse mesmo período ele mostra que a razão é incapaz de provar o quer que seja. A verdade é uma questão de hábito, não de razão. Não existe ciência exata. Nossos sentidos, nossos preconceitos e nossos ambientes nos enganam. A única sabedoria é seguir o seu tempo e a ordem estabelecida, de não ser nada individualmente.
Em 1578-1580, seu desejo se transforma. Ele não pensa mais na coletânea de glosas. “Não tenho outro objetivo senão descrever a mim mesmo”. Quando percebe sua debilidade, decide fazer auto-retrato moral e físico, para uso, dizia ele, de seus amigos e parentes.
Sua melhor obra nessa época “L’Institution des enfants” (1579) foi escrita para a educação de um jovem nobre, filho de Diane de Foix. Essa obra caracteriza a evolução do ideal pedagógico: menos livros e memorização, mais exercícios físicos, mais experiência e mais reflexão. Uma cabeça bem feita vale mais do que cabeça cheia.

Em 1581, viaja para se curar e distrair. Visita entre outras cidades, Baden, Munique, Veneza, Florença e Roma. A experiência italiana cura Montaigne de sua austera erudição. A Itália lhe revela o charme e o interesse especulativo da conversação. Profunda lição de experiência confirmada pelas leituras (Castiglione).
Nas águas termais Della Villa, Montaigne recebe, em agosto de 1581, a nomeação de prefeito de Bordeaux, cargo que exercerá por quatro anos.

A “sagesse” final – Quando Montaigne volta para seu castelo, a guerra civil e a peste castigam a França. Essa fase de turbulência marca uma terceira etapa de sua obra tanto no desejo como na filosofia.
No desejo, Montaigne quer continuar descrevendo a si mesmo. Na filosofia, ele atinge uma fórmula que poderia chamar-se socratismo epicuriano (que consiste em “ménager” sua vontade, e utilização da experiência).
“A verdadeira idéia de virtude está no meio termo... Não se deve sempre montar sobre seus grandes cavalos como um estóico e nem deixar o excesso de prazeres prejudicarem a percepção das coisas. A sagesse (sabedoria) consiste em ver com clareza e reconhecer em si a dualidade profunda do homem”.

Montaigne nasceu e morreu como católico. Mas seus escritos estão distantes do verdadeiro espírito católico. Ele dizia que entre os sábios e teólogos existe a terceira categoria, a dos pensadores.

De todos os escritores franceses, Montaigne foi o que mais teve influência na Inglaterra (Shakespeare e Bacon). Ele personificou o tipo de homem de bem que abriu as portas a toda uma escola de moralistas profanos.

Bibliografia
Saulnier, V. L. – La littérature de la Renaissance – Presses Universitaires de France – 1948 – ps. 97 a 107



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