Não existe amor em SP -- nem em Amor à Vida
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Não existe amor em Amor à Vida. A referência à música, “Não existe amor em SP”, do rapper Criolo, que coincidentemente faz parte da trilha sonora da novela, cai muito bem. Apesar do título, Amor à Vida não é exatamante uma novela romântica. Sem as juras de amor típicas dos folhetins, que se repetem à exaustão em 60 anos de telenovela, a trama de Walcyr Carrasco contraria o próprio gênero, consolidado como um importante reduto do romantismo barato. Se nas demais novelas da Globo que estão no ar, Flor do Caribe e Sangue Bom, amores de infância lutam para sobreviver à vida adulta, na novela das nove os relacionamentos se desenvolvem com crueza e uma boa dose de desequilíbrio. Nos primeiros capítulos, a protagonista Paloma (Paolla Oliveira) se entrega a uma paixão aventureira com o claro objetivo de se libertar do peso que a família exercia sobre ela. Passados 12 anos desde a decepção com Ninho (Juliano Cazarré), ela pôs seu coração nas mãos de Bruno (Malvino Salvador), mas está mais interessada em pôr a filha dele no lugar do bebê que ela perdeu no início da trama. O relacionamento já está fadado a não dar certo. Para piorar, Paloma descobriu que Paulinha é sua filha biológica, e agora rejeita Bruno, acreditando que ele roubou a menina recém-nascida. Certeza mesmo é que os fatos irão render bons descompassos à trama, se bem explorados pelo autor.Fora o amor questionável dos protagonistas, há todo tipo de relacionamento e, até então, nenhum “amor de novela”. César (Antônio Fagundes), patriarca da família Khouri, parecia ser o maior exemplo do “esse cara sou eu”, mas o garanhão da terceira idade passou longe disso -- acostumou-se a trair a esposa Pilar (Susana Vieira). Ainda dentro da mansão dos Khouri, Félix (Mateus Solano) não ama ninguém, muito menos a mulher, Edith (Bárbara Paz). Essa, se o ama, não apresenta um amor dos mais saudáveis. A falta de amor, entretanto, é compensada com muitos beijos e pegação, que ficam a cargo do casal Patrícia (Maria Casadevall) e Michel (Caio Castro), que não são um casal apaixonado, apenas fazem sexo casual. A enfermeira Perséfone (Fabiana Karla) não procura exatamente um namorado, basta um amante que resolva sua questão com a virgindade. Enquanto isso, Valdirene (Tatá Werneck) vai à luta por um golpe da barriga, trajetória que não tem sido bem sucedida. A mãe da periguete, Márcia (Elizabeth Savalla), que foi parar nos braços de Atílio (Luis Melo), protagonizou um dos raros momentos românticos da novela. O casal foi flagrado dormindo de conchinha, provando que ainda há um romantismo perdido em meio aos desencontros de Amor à Vida.
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