O mito de Sísifo
(Albert Camus)
Grandes filósofos e escritores encontraram nos momentos mais tenebrosos
da história da humanidade (Primeira e Segunda Guerra Mundial) uma oportunidade
para mergulhar no poço profundo da reflexão na alma humana. Albert Camus, não
foge a regra. O filósofo concentrou muito de seu trabalho árduo de pensamento
absurdo justamente nessa época macabra de guerra, onde o ser humano ficou
transpassado pelo dilema do existir, onde a paz é difícil de se manter e a
fúria, a hostilidade e a rivalidade acabam se tornando meios fáceis de se
seguir.
A fé na humanidade é sustentada nos melhores casos por uma frágil estrutura. O
livro "O mito de Sísifo" emociona o leitor nas mais variantes formas
de se entristecer, se deprimir e lamentar. Faz bem para a alma. Afinal esse o
sentimento filosófico e natural do absurdo, que na maioria das vezes ninguém
sabe ao certo definir o que é, provoca essas coisas.
É verdade que somos homens absurdos quando nos tornamos conscientes das nossas
capacidades. Principalmente as negativas, pois até as positivas possuem em
última análise os seus aspectos cruéis e impiedosos.
Todo homem é obrigado a carregar fardos que não são dele enquanto que simultaneamente
equilibra o peso da sua própria existência e responsabilidade com os seus atos.
Mas nem sempre existe uma correspondência por parte dos semelhantes.
A tendência normal em todos nós é o descontrole, a distorção e agressividade.
Se não for assim, na luta, na força ou na disputa não se conhece nossos limites
outrora ocultados da face dos sobreviventes das inúmeras pressões cuja vida nos
oferece. Conquistar melhorias de vida, manter certo padrão de vida ou
sustentar a si mesmo. Corriqueiras preocupações que vão se somando a
surpreendentes imprevistos contra a nossa vontade de felicidade e normalidade.
São os choques de existências e os pesos na consciência que nos abrem os olhos.
Para ver melhor a morte e suas conseqüências, a vida e os seus limites, a
liberdade e as suas contrariedades, enfim uma imensa teia de complexidades que
vão sempre se expandindo no decorrer do nosso tempo de vida.
Se por um lado há uma estagnação na motivação de se viver, por outro, a
vantagem desesperante de se conhecer a novidade do amanhã, que guarda surpresas
e felicidades talvez superiores a aquelas que já poderíamos ter vivido na
infância, adolescência ou fase adulta. A vida é mesmo terrível e ao mesmo
tempo delicada e deliciosa. Talvez na verdade seja apenas um sonho feroz onde
pesadelos também ganham espaços para se transformarem em jardins.
"O mito de Sísifo" sugere ao leitor o caminho da virtude do
reconhecer que a nossa vida pode ser eterna, mas nem tudo nela será eterno,
pois em muitos momentos certamente grandes ilusões e percas de tempo, farão de
todos nós meros tolos que se sentem enganados e traídos. Uma divina
comédia do existir. Mas um dia se conquista por vez. Até o fim. Quando a
resposta final nos será dada, se o eterno nos abraçará ou o silêncio
ininterrupto do nada nos reduzirá ao esquecimento poético.
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