BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


A Paixão Segundo G.H.
(Clarice Lispector)

Publicidade
No início, a Autora alerta que este é um livro como outro qualquer, mas acrescenta que "ficaria contente se fosse lido apenas poor pessoas de almas já formada." E tem razão! Embora aparente tratar-se de uma história banal de uma mulher comum, mãe e dona de casa, que, após despedir a empregada, resolve fazer uma faxina no quarto de serviço, a história, realmente, nada tem de banal.O romance tem início com a protagonista, G. H., envolta em pensamentos totalmente desorganizados, sentindo-se rotalmente desorganizada e com medo dessa desorganização profunda. Cheia de visões fragmentárias, sente que perdeu coisas essenciais, "como se eu tivesse perdido um terceira perna, que até então me impossibilitava de andar, mas que fazia de mim um tripé estável" (...) Lembra o passado, pensa no futuro, medita sobre o que era, pensava e sentia antes e vê-se muito confusa e assustada..Então, lembra da manhã do dia anteriir, quando saiu da sala para o quarto da empregada. Lembra que, naquela manhã, antes de entrar no quarto, ela era o que sempre havia sido e o que os outros sempre a haviam visto ser. No dia anterior, a empregada se despedira e ela ficara sozinha, no silência da casa luxuosa. Demoro´-se à mesa do café,m pensando em quem era, o que fizera e o que vivera e tudo lhe parecia um grande abismo, um grande vazioi. Sentia-se como uma pessoa entre aspas, "como se não fosse eu".Levantou-se da mesa do café. Sentia que, não ter naquele dia nenhuma empregada, iria dar-lhe o tipo de atividade que queria: a de arrumar.Sempre gostaria de arrumar, de ordenar as coisas. Ainda próxima à mesa do café, olhava para o apartamento e se perguntava por onde começaria. decidiu começar pelo fim do apartamento, supondo que o quarto da empregada deveria estar imundo, em sua dupla função de dormida e depósito de coisas velhas. Dispôs-se a deixá-lo limpo e pronto para a nova empregada. depois da "cauda" do apartamento, iria subindo, até o seu lado oposto, que era o 'living' - como se ela própria fosse o final da arrumação e da manhã. Tirou o telefone do gancho, para assegurar-se de que nada a pertubaria..Ao abrir a porta do quarto da empregada, com surpresa e até desagrado, deparou-se com um quarto inteiramente limpo. Esperava deparar-se com escuridões, preparara-se para abrir escancaradamente a janela e limpar com ar fresco o escuro mofado. O quarto parecia estar em nível incomparavelmente acima dompróprio apartamento. Tudo o que ele percebia, diante daquele quarto imaculado, era seu desagrado físico. Tentou lembrar do rosto da empregada, e não mconseguia. Percebeu que, durante os seis mesdes em que a empregada estivera em sua casa,mpairara entre ambas uma espécie de ódio. Da pior espécie: o indiferente. Permaneceu examinando cada detalhe do quarto, agora desabitado. Tudo parecia extremamente vazio. Animnou-se com uma idéia de restaurar o velho guarda-roupas. Quando conseguiu abrí-lo, forçando as portas emperradas,m de encontro ao rosto que pusera dentro da abertura, bem próximo a seus olhos, dentro da escuridão, movera-se a barata grossa. Seu grito não saiu. Ficou trancado dentro do peito. Pela lentidão e grossura, era uma barata muito velha. No seu arcaico horror pelas baratas, havia aprendido a adivinhar, mesmo à distância, suas idades e perigos. Olhou para o quarto com desconfiança, prevendo a presença de outras baratas e lembramndo a pobreza de sua infância, povoada por percevejos, goteiras, baratas e ratos. Desistiu de arrumar o quarto e sentiu que uma onda de arrepio percorria-lhe o corpo. Soube que estava com medo. e que esse medo a imobilizava.. Tentou fechar a porta do guarda-roupas, mas a mão recuou. Foi então que a barata começou a emergir. Primeiro, o tremor das antenas. Depois, o corpo foi aparecendo. O medo de G. H. a tomava por inteiro e ela fechava os olhos, para não ver a barata. Entãso, nu,m assomo de coragem, levantou a mão e fechou a porta contraa o corpo meio emergido da barata. Então, com o coração batendo e as têmporas latejando, ela se deu conta de que matara. E a perguntabera: O que matara? matara a barata ou a ela mesma? Então, abrindo os olhos, constatou que a barata não havia sido morta, mas apenas impedidfa de mover-se, porque ficara trancada na oorta do guarda-roupoas. Estava viva e olhava para ela. Examinou a barata, detalhadamente. Lê-se, então, uma minuciosda descrição sobre a barata, seguida de lembranças e evocações filosóficas e psicológicas. Em dado momento, ela conclui: "A barata é pura seduçãoi. Cílipos, cílios pestanejando, que chamam."Enfim, G. H. esmagou a barata e, num ato de delírio,degustou seu interior branco. Nesse instante, operou-se em G.H. uma revelação, que a levou para amplidões e descobertas totalmente imprevisíveis, lançando-a para fora do humano e na borda do coração selvagem da vida. E só depois desse ato, que desorganiza toda a sua visão civilizada, G. H, consegue, finalmente, reconstruir-se.



Resumos Relacionados


- A Metamorfose

- A Paixão Segundo G.h

- A Paixão Segundo G.h.

- A Paixao Segundo G.h.

- A Paixão Segundo G.h.



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia