Umberto Eco: "O excesso de informação provoca amnésia"
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O importante não é a casa onde
mora Umberto Eco; o curioso é o andar onde tem o seu escritório e os seus
livros. O importante e curioso está na organização da Biblioteca e na sala que
se chama: a ala das ciências perdidas. Nessas misteriosas prateleiras acomodam-se
os livros que amamentaram o conhecimento esotérico do escritor criador do
suspense erudito. Os livros sobre o ocultismo, bruxaria, sociedades secretas,
mesmerismo, esoterismo e magia arroupam esta sala mágica onde Eco tem a sua
mesa de trabalho.
Autor de livros que arrasam
mentes, conhecimentos e mercados, a menção do Nome da Rosa, o Pêndulo de
Foucault, Baudolino, a Misteriosa Chama da Rainha Loana ou o Cemitério de Praga
retumbam na memória dos leitores como obras ímpares. Eco provoca e esclarece;
inova e destapa as raízes de verdades e mentiras históricas como o Protocolo
dos sábios de Sion. Fala para esclarecer, mas, escreve instalado na provocação
que leva a gregos e troianos a reagir perante as suas revelações; ninguém se
salva; ninguém permanece impassível.
Nesta sã entrevista encontrada em
internet onde Umberto Eco se expande sobre os perigos amnésicos do meio pela
torrente de informação que gera e a dificuldade de assimilação, fala-nos, aos
80 anos de vida, da perda do livro físico como utensílio de leitura e também da
boa nova do iPAD como Biblioteca ambulante durante o seu peregrinar pelos
Estado Unidos de América. Fala-nos da internet como fonte de sabedoria e também
de ignorância pela caos existente entre qualidade, bazófia e saber procurar e
encontrar. Conta, docemente, como adora ouvir música por internet. Reflete
sobre os Protocolos dos Sábios de Sion como determinantes para o Nazismo e a
cólera trágica antissemita.
Mas, Eco é mais que isto; é a sua
condição de gastrónomo MacDonalds; é o seu escrever pelo escrever a diferença
de Alberto Morávia na sua rotina diária de escreve-comer-escrever. É o que fala
da Literatura; da sua condição, satisfeita, de escritor pós-moderno. Aponta
como no livro O Nome da Rosa criou o investigador-frade William de
Baskerville inspirando-se em Conan Doyle e o seu Sherlock Holmes.
Umberto Eco mostra-se nesta
entrevista da Revista Época, arquivada na net, como um intelectual integral.
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