Sobre a natureza e especificidade da educação.
(Saniani; Demerval)
Saviani
pontua algumas questões da educação no texto, citado acima, essenciais para se
compreender o assunto. Ele começa o texto afirmando que o homem é que adapta a
natureza às suas necessidades, isto é, ele não espera que a natureza lhe
ofereça os meios de subsistência mas, ao invés disso, a transforma de acordo
com seus interesses – o que constitui uma ação intencional.
Assim sendo, o homem pode realizar dois tipos de trabalho, ou seja, dois
tipo de modificação da natureza à sua volta, que seriam o trabalho material e o
não-material. O trabalho material caracteriza-se pela produção de bens
materiais, de objetos palpáveis. Já o trabalho não-material se dá a partir da
produção de conhecimento, do saber, e este tipo de trabalho representa a
antecipação dos objetos materiais, faz parte da idealização da criação dos bens
materiais.
A partir daí, surge a necessidade de se formalizar esta idealização,
criando um sistema organizado para repassar
O autor
introduz a obra apresentando a importância do conhecimento adquirido, pois
ninguém nasce sabendo. A matéria para esse tipo de educação deve ser o saber
objetivo produzido historicamente.
No primeiro capítulo, “Sobre a Natureza e Especificidade da Educação”
Saviani deixa claro que o que diferencia o Homem dos outros animais é o
trabalho, ele adapta a natureza para sua sobrevivência e não o inverso como no
caso dos outros animais, por isso a educação é uma forma de promoção desse
trabalho, sendo assim, de vital importância. Diferentemente das ciências
naturais, a ditas “ciências Espirituais” são criadas pelo homem para se
justificar, é o homem quem cria a natureza humana.
A escola não é o único local para a educação e
saber, mas é nela que todo aquele conhecimento sistematizado será compartilhado
e sociabilizado. Esse saber diz respeito aquele erudito e não o popular, aos
conhecimentos de gramática, matemática, a natureza e a sociedade, simples
assim, e por isso passível de ser deixado de lado, por muitos problemas serem
ignorados, o fato corrompe o trabalho da escola nos processos de
democratização.
Sua
proposta se baseia no apoio ao clássico, não o antigo e, portanto atrasado, mas
sim aquele que serve de inspiração até os dias de hoje, são efeitos perpetuados
que tendem e não mais se separar da educação. Uma idéia clássica na escola é a
transmissão- assimilação. Sistematizar o conhecimento de forma que a criança
passe do estado de não conhecimento ao de conhecimento. Para qualquer
conhecimento adquirido é necessário um habitus, uma repetição daquele ato até
que ele se torne natural. A alfabetização não é diferente, mesmo que para nós
ela pareça habitual, não o era quando estávamos sendo alfabetizados. Esse
habitus leva tempo para ser adquirido, no caso da educação, é geralmente no
mínimo um ano por todo o mundo. Depois ela passa a usar esses conhecimentos
para aprofundar os estudos em outras disciplinas, como história, geografia e
ciências naturais o conhecimento para
futuras gerações.
A
educação, que não somente diz respeito à escola em si, mas a qualquer tipo de
aprendizado, passa a ser estruturada. É aí que a escola se apresenta: na
sistematização do conhecimento. Como Saviani aponta, trazer o conceito de
“clássico” a tona é essencial, pois nos mostra o que deve ser prioridade neste
ensino sistematizado. Clássico é aquilo que representa o essencial, o
fundamental para a vida em sociedade, para se conhecer o mundo e poder
realmente transformá-lo. Segundo o autor, é de suma importância que os
“clássicos” ensinados na escola sejam: “ler, escrever, contar, os rudimentos
das ciências naturais e das ciências sociais (história e geografia humana)”
(Saviani, p. 15). As atividades consideradas extracurriculares devem então ser
vistas como secundárias e, as atividades citadas acima, como prioridade.
Saviani ainda aponta que, pelo fato desta questão ser tão óbvia, ele acabou
sendo esquecida por alguns educadores. A simplicidade foi deixada de lado e
começaram a ser inseridos diversos tipos de atividade dentro da escola, as
quais começaram a ser ministradas pelos mais diversos profissionais como, por
exemplo, nutricionistas, dentistas, artistas, entre outros. Após esta inserção,
Saviani aponta que a escola deixa de atender o interesse da população para se
tornar uma instituição corporativista ou clientelista.
O autor também traz à tona a questão da criatividade. A escola clássica foi
muito criticada por não permitir esta “liberdade”, que seria a responsável pela
criatividade. Saviani afirma, porém, que a liberdade e a criatividade só podem
ser atingidas após um certo grau de conhecimento e domínio de determinadas
atividades. Por exemplo, um compositor só é capaz de compor canções após ter
domínio do instrumento, de como tocá-lo e de toda a teoria musical.
Assim, a princípio, ele não será livre, mas a
partir do momento em que começar a internalizar aquela atividade como algo
natural em si, ele conseguirá criar pois saberá o funcionamento do instrumento
e saberá como combinar as notas
Portanto, o ensino “clássico” não pode ser deixado de lado, e é necessário que
se preste atenção nos conteúdos fundamentais para a formação do homem dentro da
sociedade. Ele só pode ser livre e criativo depois que se apropria do
conhecimento, pois, antes disso, não há como ele desenvolver algo a partir de
um conteúdo que ele nunca viu na vida. Neste sentido, as atividades
extracurriculares devem então complementar o currículo, e não prejudicar ou
substituir as atividades necessário para a formação de cada um.
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