Contos e Diário
(Florbela Espanca)
Florbela Espanca (1894.1930) não
foi só a poetisa que nos maravilhou com o seu verso descarnado e emotivo;
também, tentou a prosa. O livro Contos e Diário reúne textos dessa aproximação.
Recolhe uma maravilha ainda que seja um texto nunca acabado: A Oferta do Destino
e mais alguma pérola escrita na mais tenra idade, antes dos 13 anos, chamado
Mamã.
A poetisa mostra não só a beleza
dos seus textos com partes de brilhante prosa como, por exemplo: no
conto-relato A Morta, também, nos transmite a força do desejo e o grito de
libertação constante em toda a sua Obra. Esta edição da Leya é uma bênção que
deve permanecer sempre viva.Se penetramos no seu Diário, mal
começamos, encontrámo-nos com a sua luta existencial sobre o saber, o viver e a
clarificação de tudo que para Florbela é o nada; um nada que a constrange e que
a dilacera. O Amor desejado aparece em todo o seu esplendor entre a incerteza e
suplica; entre a ausência e o desejo de presença.Não poderia estar ausente, nem
deixar de ser mencionado um texto: Dedicatória, onde a estrela ausente, mas,
viva, muito viva é o seu irmão morto; o desaparecido que nunca desapareceu do
coração e da mente de Florbela. Certas palavras da poetisa enternecem;
humedecem os olhos do leitor; são as palavras que comentam; são as palavras da
dedicatória que fez no seu primeiro livro: ”À querida alma irmã da minha; ao
meu irmão”.Talvez seja obrigatório acabar
este resumo com o conto: Mulher de Perdição. Aqui, neste enredo, tropeçamos com
o dever e a condição social como base do Amor- casamento e Amor-paixão. As
personagens de coturno social emaranham-se entre o amor predestinado e o amor
que nasce da visão e encontro casual que derruba muros e convulsiona mentes e
corações. Florbela está sempre presente em cada palavra que escreve, mas, neste
conto, a poetisa, está de corpo, consciência e coração.
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