Renascimento e Modernismo, obras várias
(Autores vários)
O
Renascimento e o Modernismo, como movimentos estéticos, trouxeram grandes
alterações de valores e conceitos à sociedade e, embora as características
de um de outro divirjam, encontramos muitos traços comuns na sua génese.
Vejamos.
Na
Europa do século XX assiste-se a uma repetição atualizada da crise do século
XV/XVI, agora mais social e menos religiosa, mas com as mesmas consequências: o
esmorecimento dos povos. Esta apatia, no Renascimento, é causa e consequência
de um retrocesso provocado pelo poder inquisitório do clero. Depois da
exaltação provocada pelos descobrimentos e abertura às novas ideias vindas de
um tempo de beleza e perfeição, surge agora um povo triste e pobre, uma nobreza
que depende do rei para sustentar os vícios e um rei que empenha a evolução do país,
entregando-o à inquisição. Por outro lado, em pleno século XX, no auge do
desenvolvimento tecnológico, surgem as grandes assimetrias sociais, grassa a
pobreza e a dependência externa é um facto incontornável. Neste contexto, é óbvio
o motivo da apatia geral.
A
anos de repressão política e económica, os artistas e intelectuais respondem,
reagem, manifestam-se e levam a sua arte para lugares onde possam encontrar
respostas e ser livres. No Renascimento, esse lugar foi o mundo da proporção
perfeita à medida da realização humana, no Modernismo é o mundo do choque, do
escândalo; da variedade e da pluralidade, contra normas rígidas do passado. Num
e noutro há uma nova forma de compreender o Homem que mudará para sempre o rumo
da história.
Não
pensemos que só na arte se fez sentir a revolta, também a ciência e a política
se irão ressentir, no século XV, com o aparecimento da teoria antropocêntrica e
os descobrimentos a trazerem grande desenvolvimento a ciências como por exemplo
a matemática e a biologia e Platão, renascido, a deixar a sua marca em todas as
escolas políticas do futuro, incluindo o marxismo que, no século XX, emergirá
da luta de classes, fazendo novas as velhas utopias. Quanto às novas ciências,
neste século, que dizer do Freud que revoluciona a forma de ver a mente humana
e o Einstein que tal como Copérnico, põe em causa as verdades científicas?
Nos
grandes momentos, há homens que se destacam, que serão para sempre diferentes
pela sua genialidade e por isso temos de destacar Luís de Camões e Fernando
Pessoa, já que, sem eles a literatura portuguesa ficaria muito mais pobre e os
movimentos estéticos em que se inserem sem as suas figuras de proa. Mas, se
destaco estas grandes figuras, não é só pela sua genialidade, mas também pelos
traços comuns no seu caráter e na forma como irromperam na sociedade e na
literatura portuguesa. Na verdade, apesar de serem duas figuras anónimas,
excêntricas e nada predestinadas à imortalização, conseguiram-na através de uma
coragem literária que os fez romper todos os cânones e impor-se só e apenas
pelo seu valor, ainda que tardiamente reconhecido.
Como
podemos ver épocas diferentes, marcadas por acontecimentos tão diversos quanto
diversas eram as mentalidades têm o mesmo tipo de reação, perante as situações
adversas, que põem em causa o orgulho de um povo. Uma e outra vez a resposta
veio, não das armas nem do poder, mas da arte e das ciências.
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