Resumo de A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E SUA EVOLUÇÃO- INICIAÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA

O estudo da evolução da Geografia até o
século XVI pode ser dividida em duas etapas:
a) A gradual ampliação do horizonte geográfico realizada no tempo e no
espaço através do contato dos povos com outras áreas, seja por motivos
econômicos e culturais, ou devido à exploração e guerra. Em geral este aspecto antecedeu
o segundo; b) A evolução do pensamento geográfico científico originado de
conceitos e tradições anônimas, com a contribuição de cartógrafos e matemáticos,
além da de viajantes; este conhecimento
veio a se fortalecer e firmar graças aos conhecimentos de naturalistas e
astrônomos – até o aparecimento dos verdadeiros geógrafos. Foi por volta do ano 1.000 a. C. que o
mundo se definiu ao redor do Mar Mediterrâneo estendendo-se desde o Atlântico
Norte até a Índia; foi a partir das culturas dessa região que evoluiu a nossa
Cultura Ocidental, em particular a da Civilização Greco-Latina.

A GEOGRAFIA GREGA – A ampliação do
horizonte geográfico Helênico, pela Diáspora grega e as conquistas de
Alexandre, completou-se pelos relatos de vários viajantes que anexaram
informações sobre terras até então desconhecias. Geógrafos Gregos de destaque
na época:

HERÓDOTO – (484- 425 a.C) – Para poder
escrever uma História das Guerras Persas, ele procurou conhecer os locais onde
haviam ocorrido os acontecimentos históricos; para tal, percorreu a ampla
região desde a Itália ao Egito, a Arábia, a Macedônia e a atual Ucrânia. Além,
colheu e anotou informações sobre outras
terras. Quatro dos nove volumes de sua História são de interesse da Geografia.
Neles relata as características dos povos e lugares que descreveu e tentou
explicar, como por exemplo, o tipo de solo negro ao longo do rio Nilo
transportados pelas águas durante as cheias e o consequente depósito através de
milênios na foz, o que deu origem ao imenso delta.

ERASTÓSTENES (276- 194 a.C.) – Ele calculou
com grande aproximação a obliquidade da eclíptica (23º 51’) e o valor da
circunferência terrestre (39.500km). Foi
o primeiro a se declarar geógrafo e elaborar um Mapa-Mundi com base numa rede
de coordenadas geográficas sobre a qual representou os trajetos e as
informações dos viajantes. Publicou suas contribuições numa “Geografia” em três
volumes onde afirmava que, embora a humanidade habitasse só um terço do
hemisfério Norte (o ecúmeno), havia possibilidade de existir em outras áreas.

PTOLOMEU – (100-179 D.C.) – Elaborou a obra
“Composição Matemática” dobre Astronomia onde expunha a teoria geocêntrica do Universo. Traduzida para o Árabe em 872
como ‘Al-Magiste’ – influenciou Colombo quanto ao cálculo da circunferência
terrestre, no que se enganou. Escreveu também um compendio de “Geografia” com
as coordenadas geográficas de 8.000 localidades e acidentes geográficos, além
da descrição dos povos das diferentes localidades.

Conclusões – Duas tendências se combinavam
na geografia Grega: a) a de Geografia Matemática, representada pela
contribuição dos matemáticos, astrônomos e cartógrafos. Preocupava-se com a
posição da Terra no Universo, suas dimensões e a representação cartográfica. b)
a de uma Geografia Regional preocupada em descrever o ecúmeno, seus países
(aspectos da Geografia Física) e seus habitantes (aspectos da Geografia
Humana).

GEÓGRAFOS ROMANOS – A geografia romana teve
um caráter prático que favoreceu apenas a geografia descritiva.

Destacam-se: 1- ESTRABÃO – (60 a.C. – 20
d.C.) – autor de uma “Geografia” em 17 vol., onde distingue quatro ramos da
ciência geográfica: Geografia Matemática, Geografia Física, Geografia Política
e Geografia Histórica. Defendeu um caráter prático para a geografia a fim de
servir às necessidades dos povos e aos interesses dos administradores do
Estado. 2- PLÍNIO (23 -79 d.C.) - estadista e chefe militar - publicou uma “História Naturalis”, a mais
completa enciclopédia de seu tempo. Quanto à Geografia tratou de temas
cosmográficos, fenômenos terrestres, da divisão das províncias do Império,
fauna e flora e os recursos minerais. Foi o primeiro a apresentar as diferenças
que se notam quando um navio se afasta da costa como prova da redondeza da
Terra.

A GEOGRAFIA ÁRABE - Com a regressão do conhecimento científico na
Europa Medieval devido a uma concepção teológica dogmática, somente o mundo
árabe se manteve interessado pela geografia. Destacam-se: Ibn Battuta –
(1304-1368), Al Idrisi (1099 – 1166) e Ibn Khaldun (1332 – 1406). Este último desenvolveu
uma comparação entre os povos nômades pastoris e os sedentários de áreas
irrigadas, explicando a ascensão e previu a queda do Império Muçulmano; propôs
uma interessante interpretação cultural do ambiente físico e uma análise do
papel das cidades na economia regional. Apesar dessas contribuições, certos
setores têm destacado a relativa regressão da cartografia entre os árabes, e o
caráter geralmente descritivo de sua geografia que seria o resultado de certa
deterioração da pesquisa geográfica científica.

As descobertas de novas terras nos séculos
XV e XVI ampliaram o horizonte geográfico da época; e com a publicação da
tradução latina da “Geografia” de Ptolomeu, o Renascimento conheceu uma
retomada do pensamento geográfico clássico, assim como novos progressos da
Cartografia.

A GEOGRAFIA MODERNA – Bernard Varenius
(1622-1650) publicou em 1650 uma “Geografia Generalis”, em cuja introdução
assinalava um duplo dualismo no estudo da geografia: sugeria que a geografia
Geral (sistemática, tópica) estudaria as questões da geografia que podem ser
explicadas por leis, ao passo que a Geografia Especial (regional, particular),
por descrever o homem – de comportamento imprevisível – deveria continuar
principalmente descritiva (geografia humana). A geografia moderna surgiu apenas
no fim do século XVIII, com a definição de Kant a partir de considerações
filosóficas, e a sua fundamentação como ciência empírica, por Humboldt, já no
século XIX, com a participação de Ritter.

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