Oswaldo Goeldi na Pinacoteca de São Paulo
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A recente incorporação de obras de Oswaldo Goeldi (1865 - 1961) ao acervo da Pinacoteca de São Paulo fez com que a instituição passasse a contar com um significativo conjunto de 56 obras do artista. A exposição mostra, pela primeira vez, o conjunto e apresenta os primeiros resultados do trabalho que está sendo desenvolvido com cada uma das gravuras, para a verificação dos títulos, a datação a a mais apurada possível e o reconhecimento de peculiaridades nas diversas impressões conhecidas da mesma matriz, decorrentes de procedimentos muito particulares adotados pelo artista. Pretende-se, assim, contextualizar a coleção da Pinacoteca no obra de Goeldi.Sabe-se que o artista começou a gravar em 1923, no Rio de Janeiro, seguindo a orientação de Ricardo Bampi (1896 - 1965), que havia estudado na Bauhaus. Os contrastes de luz e sombra propiciados pela xilogravura serão utilizados pelo artista ao longo de toda sua produção, enfatizando o lado avesso e sombrio do seu mundo tropical. Quando usa cores, obtém um cromatismo igualmente denso e peculiar.A circulação de gravuras, na época bastantes incipiente no País, desobrigava os artista de preocupação com edições e caracterizava uma produção absolutamente artesanal, com pouquíssimas cópias. Goeldi não fugiu à regra, e raramente fez uma edição completa. Tratava cada gravura com dedicação incomum, alterando, com frequência, as cores utilizadas para entintar a matriz, assim como o controle da pressão ao imprimi-la, para acentuar tonalidades de cor ou graduação de negro. A cada impressão, obtinha deliberadamente sutis variações.O resultado dessa atitude é a diversidade de imagens que temos, impressas a partir da mesma matriz, o que talvez seja a principal causa de dificuldade encontrada para a sistematização de sua obra gráfica. Além disso, outros fatores colaboram, como a mudança de título em cópias de uma mesma edição, ou o uso dos mesmos títulos para diferentes obras, somados, ainda, ao fato de o artista nunca datar suas cópias. Frente a complexidade apresentada, a datação das obras está sendo feias por tentativas de aproximação estilística com gravuras que sabidamente são de determinados períodos. Os títulos estão sendo considerados aqueles de próprio punho, muitas vezes anotados no canto inferior esquerdo da imagem. De grande valia para esse processo são as obras enviadas a Hermann Kümmerly (1896 - 1965), amigo dos anos de juventude, na Suíça, como também a correspondência mantida com o austríaco Alfred Kubin (1877 - 1959), artista por quem Goeldi tinha profunda afinidade e grande admiração.O fato de as matrizes terem sobrevivido ao artista possibilitou que inúmeras impressões póstumas fossem realizadas, de dezenas de matrizes. Os depositários do legado de Goeldi, Reis Junior (1903 - 1985) e Beatrix Reynal (1892 - 1990), com o intuito de preservar sua obra, produziram um número impreciso de cópias, umas com a respectiva autenticação, outras sem qualquer anotação. Uma seleção de impressões realizada na década de 1970 foi doada a instituições culturais, como a Biblioteca Nacional e o Museu Nacional de Belas Artes. Outras foram feitas mais tarde, devidamente identificadas como tal, como aquelas do Museu Nacional de Belas Artes, a partir das matrizes de seu acervo.Há que se agradecer a Francisco Maringelli e Cláudio Mubarac, que se debruçaram sobre as gravuras com olhares técnicos e investigativos, e a Indrani Taccari e Ana Lucia Nakandakare, que muito auxiliaram na catalogação e na conservação das gravuras.
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