História da Cabocla Jurema
(Crônicas do Frank)
A índia sem condições de dar mais um passo encostou-se a um
arbusto da planta encantada e, cheia de
dores, permitiu que a filha ali mesmo viesse ao mundo e tomasse como nome a
planta que acolhera seu nascimento.
Jurema cresceu forte,
bonita, com a formosura da noite e a firmeza do dia. Corajosa, a bela índia
tornou-se a primeira guerreira mulher da tribo, pois a sua força e agilidade no
manejo das armas, se tornara uma lenda entre todas as tribos no novo continente.
Nada havia sobre a terra que amedrontasse a bela cabocla, até
o dia em que encontrou o seu maior adversário: o amor. Jurema conheceu e se
apaixonou por Huascar, jovem guerreiro de uma tribo inimiga, que fora preso
numa batalha sangrenta dentro de seu território.
Os dias se passaram e o amor aumentava a cada vez que os
olhares se encontravam cheios da mágoa e ira resultante da dolorosa guerra. O
olhar do guerreiro fazia doces promessas que entorpeciam e confundiam a mente da
jovem.
Justo ela que aprendera a resistir ao canto do boto, ao
veneno da cascavel e da armadeira, já resistira bravamente a centenas de
emboscadas e que sentia à distância o cheiro de ciladas, não conseguiu resistir
ao amor que fluía do seu peito por aquele homem. Passou a ver nos olhos dele,
as mil vidas que eles passaram juntos, viu seus filhos, o amor que os unia além
da carne e percebeu que não foi por acaso, que ele fora o único caboclo
capturado vivo, e decidiu libertá-lo, mesmo sabendo que seria expulsa da sua
tribo.
Na fuga, seu próprio povo a perseguiu, e em meio a chuvas de flechas voando na
direção de ambos, foi Jurema que caiu, salvando o seu amado e recebendo a ponta
da morte que era pra ele, no seu próprio peito.
No lugar onde Jurema caiu, nasceu uma
planta robusta e resistente que floresce
o ano inteiro, cujo formato exótico e o tom amarelo-alaranjado intenso chamou
atenção de todas as tribos, o girassol. Ainda hoje as tribos remanescentes contam
as histórias da índia guerreira ao se depararem com essa flor.
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