Cansaço, Tédio, Desassossego
(José Gil)
Nada parece à primeira vista, ligar uns aos outros os textos que compõem este pequeno livro: nem os temas, nem o objecto, nem o método. No entanto, um olhar mais atento adivinhará, uma linha continua que sem articular os diferentes ensaios, retoma de cada vez, a grande questão irrecusável e que não recebeu ainda uma resposta clara: o que são os heterónimos? Qual o estatuto ficcinal, literário, ontológico de que gozam?Uma vez admitida a noção de vida heteronímica, trata-se então de explorar todo um campo que até agora merceu pouca aternção. Múltiplas questões nascem, cuja sondagem se revela pertinente para a compreensão de tal e tal heterónimo. Por exemplo, porque é que Fernando Pessoa faz morrer Caeiro e mais nenhum heterónimo? Ou como caracterizar o corpo de Caeiro a que o poeta neopagão se refere constantemente?Mais classicamente, da vida heteronímica, constam também os afectos, as visões, as sensações e toda a vida psico-estética do poeta heterónimo ou ortónimo. Mas o que é então um conterúdo psiquico de uma vida considerada por muitos como apenas imasginária? Como é que um cansaço não imaghinário invade um corpo imaginário? Como é que um cansaço não imaginário invade um corpo imaginário como o de bernardo Soares?Este conjunto de textos divide-se na primeira parte, onde se explora uma infima área da vida heteronímica formada por acontecimentos e elementos reais dessa vida, no caso exclusivo de Alberto Caeiro. Na segunda parte, o campo analisado remete para os mecanismos de construção da subjetividade heteronímica, e parta o mapa a traçar em toda a sua complexidade dos afectos que atravessam o Livro do Desassossego e o corpo de Bernardo Soares.
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