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O livro Aula de Roland Barthes
(Roland Barthes)

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O livro Aula de Roland Barthes de
1978, com tradução e posfácio de Leyla Perrone-Moisés, na verdade originou-se a
partir do discurso de sua aula inaugural no colégio de França, pronunciado em 7
de janeiro de 1977, por ocasião de sua posse da cadeira de semiologia
literária. O autor que já inicia se declarando “um sujeito incerto” ou mesmo
“um sujeito impuro”, pois, se por um lado sua carreira fosse universitária, o
mesmo não considerava possuir os títulos que o credenciaria a tal carreira.

Segundo Barthes, a “inocência moderna
fala do poder como se ele fosse um”, no entanto, o poder é “plural no espaço
social” e está presente em todos os setores, em todos os lugares, até mesmo
naqueles em que se não ouvia falar antes, pois o poder está relacionado à
“história inteira do homem”. E o objeto no qual o poder se inscreve é a
linguagem, ou seja, o poder existente na língua. O qual não conseguimos
distinguir, por esquecermos que “toda língua” é uma classificação, e esta é
opressiva.

Quando proferida a língua passa a
servir a um poder, assim ela delineia “duas rubricas” a “autoridade de asserção
e o gregarismo da repetição”, ou seja, quando um determinado sujeito enuncia,
passa a ser simultaneamente senhor e escravo, uma vez que quer afirmar o que
diz, mas precisa recorrer aos signos que só existem quando são reconhecidos,
isto é, quando são repetidos e o sujeito não se contenta em repetir. E dessa
forma define-se a língua como aquilo que se “obriga a dizer”. E para escaparmos
da “servidão e do poder” existentes na língua, nos resta “trapacear com a
língua”.

O que irá nos possibilitar,
através de uma constante revolução da linguagem, ouvir a “língua fora do poder”
é o que Barthes chama de literatura.

A literatura possuirá suas forças
de liberdade postas sob três conceitos gregos: Mathesis, Mimesis e Semiose. A
literatura vai possuir muitos saberes, muito conhecimento acerca dos homens, ou
seja, a literatura no seu caráter plural (a diversidade, polissemia,
multiplicidade). A literatura procurará representar o real. Para Barthes a
literatura é realista, independente da escola a qual se declare, por ser um
“fulgor” do real, ou seja, lugar onde o real vai brilhar, vai se revelar. Mas
não é realista no sentido de cópia da realidade. A literatura criará um lugar
indireto, é diferente do que seria uma cópia e essa distância é a ficção
(caráter ficcional). “A literatura trabalha nos interstícios da ciência”. A
ciência é lugar do real, da verdade, dos fatos na certeza, na lógica, na razão,
enquanto, a literatura estará nas falhas, nas brechas, nas fissuras, ou seja,
nos interstícios. “A ciência é grosseira e a vida sútil”, e entre esses dois
surgirá a literatura, e é para corrigir essa diferença que a literatura nos
importa. A ciência é muito arrogante, ao passo que a literatura não dirá que
sabe alguma coisa, e sim que sabe de alguma coisa. A ciência tem a ideia da
totalidade é o que se chama o grande “estrago da linguagem”.

E a representação ou “mimesis” é
a sua segunda força, procurando apenas demonstrar o real e não copiá-lo, mas a
literatura será também irrealista por acreditar que o “desejo do impossível”
seja sensato.

O discurso é dramático é a encenação
do real. O enunciado de um livro seria o primeiro conhecimento da leitura e a
enunciação mergulha no texto, enquanto o enunciado seria a superfície, a
primeira verdade, uma porta do texto, a enunciação seria outras histórias que
estão dentro desse texto. Enquanto a linguística permanece no enunciado do
texto a enunciação buscará o sujeito. Ao tratar da terceira “força de
liberdade” ou Semiose, Barthes falará de uma nova ciência, da qual é um dos
fundadores: a semiologia tratará da gênese, conceituação e classificação. As
ciências não são eternas, Barthes cita como exemplo a Teologia, a Economia e
Psicanalise.

As ciências também são frágeis,
principalmente as humanas, devido ao caráter de imprecisão. A semiologia “saiu
da linguística”. E critica a linguística devido “o polo formal” e as
ramificações que a afastam do seu campo original, por exemplo, a
psicolinguística, a sociolinguística etc. A semiologia trabalha com o “impuro
da língua”, o “refugo da linguística”, a língua, o objeto no qual se insere o medo de quem
escreve.

O semiólogo seria um artista, mas
também joga com os signos, é necessário saborear o texto para compreender, que
leva a capacidade de imaginação.

Se a literatura é uma ficção, o
método também será uma ficção. O método é a fragmentação e ao expor fará sempre
uma digressão, ou seja, o seu método será uma excursão.

E apesar de suas “forças de
liberdade” o poder tenta se apossar do prazer de escrever para manipular e
agregar as coisas. Ao escritor, então, resta teimar e deslocar-se para tentar fugir
ao poder da língua e a sua própria servidão.



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