*Por
Keli Lemos, da Moore Stephens
Em
pauta no mundo corporativo, a sustentabilidade ainda é um assunto que não está
totalmente evoluído e nem difundido entre as empresas e consumidores. Pouco se
sabe efetivamente sobre a sua plenitude. Grande parte das corporações ainda
acredita que se resume a atividades que visem o cuidado com o meio ambiente.
Contudo, a sustentabilidade corporativa envolve muito mais do que essa
preocupação, abrangendo todos os esforços necessários para que o resultado
final seja a perpetuação do meio ambiente.
Isso
envolve quatro conceitos essenciais: ética, governança corporativa,
responsabilidade ambiental e pessoas sustentáveis. Sem a ética na condução dos
negócios, sem a governança corporativa para propiciar uma formalização das
ações e sem pessoas com visão sustentável, certamente, as ações de preservação
do meio ambiente ficarão apenas no papel.
O
que muito se discute atualmente é a participação das grandes empresas nos
efeitos destruidores que o meio ambiente vem sofrendo.
Sob
uma visão mais simplista, quanto maior é a indústria, maior é a destruição
causada ao meio ambiente, em função de seu processo produtivo, dos recursos
naturais utilizados, e porque não, do descaso com as coisas mais simples da
natureza.
Contudo,
não é o que se vê na prática. As empresas de grande porte têm investido
fortemente na preservação do meio ambiente, seja criando fundações com o
objetivo de protegê-lo, seja investindo em pesquisa de novos produtos ou
embalagens sustentáveis.
Os
empresários estão se conscientizando de que ações preventivas têm um custo
menor do que ações corretivas. A mudança de sacolas tradicionais por sacolas biodegradáveis,
por exemplo, é um marketing favorável para as empresas que fornecem essas
sacolas. Imagine se grande quantidade de sacolas fosse jogada à natureza com a
logomarca de uma grande rede de lojas. O efeito negativo à imagem dessa rede
poderia ser grande, pois aos olhos dos ambientalistas, o plástico é um dos
maiores destruidores da natureza.
Algumas
empresas vêm divulgando em seus relatórios gerenciais indicadores de custo de
utilização do meio ambiente, como por exemplo, recursos hídricos utilizados,
desgaste do solo, poluição atmosférica, resíduos entre outros mensurados de
acordo com a atividade específica da empresa.
Ainda
é um tema inovador, e não há formas definidas e padronizadas de cálculo desse
tipo de custo, que é denominado de externalidades nos balanços financeiros. Na
prática, o que se nota é que tem havido um aumento no número de pedidos de
inclusão dessas externalidades aos contadores das grandes empresas.
Há
muito que se fazer em relação à visão que o mercado tem a respeito de indicadores
de sustentabilidade. É necessário mudar crenças e fazer com que os investidores
valorizem esses indicadores e os utilizem em suas decisões estratégicas. Dessa
forma, as ações sustentáveis seriam integradas às rotinas corporativas e se
tornariam mais efetivas.
Por
fim, é importante que as empresas tenham consciência social também. “Salvar o
mundo” não quer dizer apenas que o meio ambiente precisa ser salvo. Um mundo
melhor inclui pessoas preparadas, com uma base educacional adequada, o que vai
beneficiar tanto o crescimento sustentável quanto a igualdade no mundo. Sem uma
base educacional forte as pessoas não terão noção de como suas atitudes podem
ser maléficas ao meio ambiente.
* Keli
Lemos (
[email protected]) é gerente de
auditoria da Moore Stephens Auditores e Consultores, uma das maiores redes de
auditoria, consultoria, outsourcing contábil e corporate finance do mundo. (http://www.msbrasil.com.br).