Levantado do chão
(José Saramago)
No tempo em que os reis premiavam a ajuda dos ilustres senhores vindos de outras terras para ajudar na reconquista do território que mais tarde seria chamado Portugal, com a oferta de terras imensas e, consequentemente, das pessoas que as habitavam e cultivavam, o reino expandiu-se, as terras cultivaram-se de forma intensiva e os senhores estrangeiros, aborrecidos por estarem neste fim de mundo, ajudaram a aumentar a população violando as camponesas. elas geravam filhos de olhos claros que perpetuaram gerações de latifúndiários. Passaram séculos e a pobreza mantinha-se. Os homens e as mulheres trabalhavam de sol a sol, as casas eram construidas de adobe, mistura de lama com cal, e caiadas de branco, fruto da herança muçulmana que ainda e apesar dos esforços dos senhores estrangeiros e do rei se mantinha muito presente na região chamada Alentejo por se situar para além desse rio ibérico.Os pobres camponeses que trabalhavam e recebiam a paga ao fim da semana, levavam para casa o que restava dos copitos que partilhavam com os amigos nas tabernas. As mulheres reclamavam mas lá vinha tareia por levantarem a voz aos maridos.A emigração é uma solução viável, fogem do campo para a cidade nem sempre com bons resultados. São pequenas formigas atarefadas e a quem ninguém presta mais do que um ligeiro relance, ma a alma fervilha de injustiça, ainda lá nos campos alguns batiam o pé aos senhores, agora nas cidades muitas mais vozes se levantam e juntos hão-de fazer a revolução. Mas será que os sonhos foram cumpridos? Ou ainda existe um Portugal por inventar? Será que o povo se levantou do chão e conseguiu ver para além da colina mais próxima? O futuro o dirá!
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