As intermitências da Morte
(José Saramago)
O facto de ninguém morrer deixava toda a gente confusa naquele país. Até os jornalistas se interessaram pelo fenómeno íncrivel (perdoem a redundancia, um fenómeno já é um portento) e fizeram entrevistas a torto e a direito. A Morte recusava-se a trabalhar, a exercer o seu tão lugubre intento. Um futuro sem Morte é algo que não se consegue imaginar, tudo se fez, tudo se tentou, tudo se congeminou para tentar atrair a senhora gélida e restabelecer a ordem natural das coisas, até que se lembraram de enviar cartas de cor violeta aquem estava determinado a morrer em tal dia e hora e foi a Morte de que tal se lembrou. Mas algo havia de acontecer: um violoncelista de quarente e nove anos não recebeu a sua, por mais que a Morte tentasse a carta voltava ao remetente. Como a Morte também é curiosa quis ir conhecer este portento que escapava ao seu destino. Fez-se carne, mulher bela e sedutora e foi procurá-lo. Assistiu a um concerto deste homem e por ele e pela sua música se apaixonou. A mulher que era a Morte viveu a paixão nos braços de um homem que estava marcado para morrer mas não morreu.E na manhã seginte, ninguém morreu.
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