A Viagem do Elefante
(José Saramago)
O rei e a rainha de portugal, João o terceiro e Catarina de Austria, estavam insatisfeitos com o presente de casamento que enviaram ao imperador Maximiliano aquando da data auspiciosa.A rainha queria porque queria dar-lhe um presente mais sumptuoso e visivel, aproveitando o facto de maximiliano estar em espanha, disse ao rei: e se lhe fizérmos oferenda do nosso Salomão? Sim , o elefante que veio da India há dois anos e que só come e dorme e serve de ataracção em lisboa? Ficou então decidido que o elefante seria prenda, presente, oferenda para Maximiliano. Foi mandado um mensageiro ao sitio onde o ilustre está para avisar da chegada do paquiderme.Salomão é um elefante indiano mais pequeno, portanto, que os seus primos africanos. Tem experiência de acarretar troncos mas isso já de nada lhe vale ali. O seu tratador, o cornaca lavou e arranjou o elefante para a sua viagem.Ele partiu com o seu cornaca de nome Subhru. Animal pachorrento, vai com seu passo nem lento nem rápido, vai com seu próprio nessa viagem debaixo do calor inclemente de agosto.Salomão do alto da sua indiferença, vai provocando alvoroço por onde vai passando. Espalha pelas terras e pelos homens a sabedoria de um bicho ancestral digno de figurar no panteão dos deuses indianos. Da sua boa natureza se vão aquietando os homens, por ele tudo se resolve e Salomão torna-se emissário da paz em tempos de guerra e de fome. Salomão chegou à Austria pelo inverno com neve e tudo. Passados dois anos, Salomão morreu não se sabe do que.A morte de Salomão foi chorada quer pela plebe quer pela nobreza devido ao seu enorme e generoso coração.
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