As Ruínas de Scott Smith
(Scott Smith)
Imagine você, sua namorada, o seu melhor amigo e a namorada dele, em férias num balneário turístico nas florestas de Cozumel, no México. Um lugar exótico, carregado de misticismo ancestral, cercado por uma floresta luxurienta, misteriosa e fascinante. Apesar da promessa de diversão, o calor, a umidade excessiva e os mosquitos, tornam o passeio algo cansativo e entediante. Na tentativa de se divertirem, vocês acabam conhecendo um turista alemão muito simpático, com o qual logo travam amizade. Também acabam se enturmando com alguns gregos, os quais estão de passagem. Depois de muita bebida e a certeza de que as férias não serão frustradas, o novo amigo, o alemão, está de partida para tentar achar o irmão que seguiu o rastro de uma garota por quem se apaixonou, uma arqueóloga que voltou para o sítio arqueológico no meio da mata. A ideia de ir com ele na procura pelo irmão é muito tentadora. Acena com um tour pela região onde estão os restos de uma civilização extinta. Um toque de aventura que promete salvar as férias deles todos. Sem pensar nos problemas que o passeio possa oferecer, você aceita o convite e, de quebra, arrasta consigo a namorada, o amigo e a namorada dele. Um dos gregos, mesmo sem saber falar sua língua, meio esquecido pelos outros dois companheiros que se perderam nas farras da noite anterior, acaba decidindo de última hora ir com vocês. Agora sim as férias estavam começando de verdade.Essa é a premissa inicial de As Ruínas, um thriller de terror de primeira linha, no qual o Scott Smith acertou em cheio na dose. Sua narrativa é cativante, viciante, pontuada com detalhes precisos, emocionante, tensa, cheia de estresse psicológico do começo ao fim. É impossível não se envolver; é inevitável não sofrer e se desesperar juntamente com os personagens; roer as unhas e até gritar, sentindo-se sufocado e claustrofóbico em pleno céu aberto no topo daquela maldita e aprisionante ruína.Seis pessoas, quatro norte-americanos (Jeff e Amy, Eric e Stacy), um alemão (Mathias), e o grego, uma ruína em forma de pirâmide e um mal antigo, tenebroso e imprevisível, oculto em suas entranhas. Na clareira, cercada pela mata espessa e intocada, a ruína reina absoluta. Quem se aproxima dela não poderá sair dali, jamais. O único refúgio é a própria pirâmide. E ali, no topo, a morte espreita sorrateiramente, esgueirando-se de todos os lados, assumindo uma forma inimaginável, provocativa e terrificante. O que parecia ser um simples passeio no meio da mata, torna-se um pesadelo para todos eles. A falta de alimentos, de água e até mesmo de proteção contra o clima, torna-se um mal adicional, contra o qual eles terão de lutar. Além disso, não há nenhuma perspectiva de que alguém virá atrás deles, pois ninguém sabe que eles estão ali. E, para complicar, um deles sofre um terrível acidente, o que torna a permanência deles no topo da pirâmide um drama sufocante que cresce exponencialmente a medida em que as mortes vão se sucedendo. Contra o mal que os espreitam não fuga, nenhuma cura, ou arma possível de se usar. Morrer parece ser algo inevitável e, ao mesmo tempo, desejável. Confesso, me empolguei tanto com a narrativa que, acreditem, senti como se aquilo que estava lendo tinha acontecido de verdade. A sensação que o autor nos transmite é forte demais. É difícil até de descrever. Sei que é a minha impressão, apenas. Você talvez tenha uma outra quando ler o livro. A minha, sinceramente, me deixou assustado por alguns dias. Afinal de contas, não é esse o propósito do livro? Se é, então Scott Smith me convenceu – para não dizer, me apavorou. Scott Smith consegue, com muita originalidade, renovar um tema muito explorado e batido no cinema hollywoodiano, onde se vê geralmente um grupo de jovens aventurando-se no meio do nada e caindo nas armadilhas de alguma família de desajustados, ou nas mãos de uma maníaco impiedoso. Todos os ingredientes do gênero estão no livro, porém o autor consegue algo que está muito acima do ordinário. Realiza uma façanha dígna de um dos melhores autores de terror de todos os tempos, Stephen King, que chegou a dizer que o livro é “um longo e desesperado grito de horror”.Claro que Stephen King estava apenas querendo ser engraçado. Na realidade, As Ruínas consegue transmitir mais do que horror. Nos revela que o maior inimigo, ou o verdadeiro mal, está adormecido dentro de nós, e quando o despertamos somos capazes de atos inimagionáveis.Só tenho um senão a dizer sobre o livro: achei a capa pouco atrativa. No mais, a Intrinsica está de parabéns por esse lançamento. O livro é simplesmente imperdível. Acrescentou uma obra de peso no gênero terror, o qual, do meu ponto de vista, carece de novos autores e de títulos originais
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