Excesso de peso e obesidade materna: asfixia severa e morte infantil
(Martina Persson; Stefan Johansson; Eduardo Villamor; Sven Cnattingius)
A obesidade é um problema
global que continua a expandir-se, afetando cada vez mais adultos e crianças no
mundo inteiro. Para 2015, WHO (World Health Organization) prevê cerca de 2.3
biliões de adultos com um peso acima do normal e cerca de 700 milhões de
obesos. Quando este problema entra na maternidade, pode trazer consequências
muito graves, nomeadamente, complicações severas ao longo da gravidez e durante o parto, associadas um grande risco de aborto.
Um estudo realizado recentemente revela fortes indicações de que o índice de
massa corporal (IMC) da mulher grávida está diretamente relacionado à asfixia
severa e efeitos associados, nomeadamente síndrome de aspiração de mecónio e convulsões, que podem resultar em morte infantil. Foi avaliada a condição física de mais de 1,7 milhões
de recém-nascidos, recorrendo ao índice de Apgar. Um índice de Apgar de 0-3
(aos 5 minutos após parto) é o critério essencial para o diagnóstico de asfixia
perinatal que pode resultar em aborto ou sequelas neurológicas a
longo-prazo. Segundo este estudo, as crianças de mulheres com excesso de peso,
quando comparadas às crianças de mulheres com peso normal, têm um risco de 50% de aspiração de mecónio e convulsões neonatais. Adicionalmente
quando se trata de uma mãe com obesidade de II/ III grau, o risco de aspiração
de mecónio aumenta para 75%, duplicando e quadruplicando, respetivamente, o
risco de convulsões neonatais. Estes dados são claramente indicativos do grande
risco associado à asfixia devido ao sobrepeso materno. Outros riscos
associados à asfixia perinatal incluem anomalias congénitas e hiperinsulinemia fetal, mesmo não se tratando de
mãe diabética visto o excesso de não só aumentar a transferência de nutrientes através
da placenta como a resistência à insulina . Complicações como distocia de ombro e
trabalho de parto traumático devido à macrossomia fetal (excesso de peso dos
recém nascidos, 4-4,5kg) são ocorrências mais frequentes em mulheres
sobrepesadas. Síndrome de mecónio -
condição que consiste na aspiração, por parte do feto, de mecónio a partir do
líquido amniótico. O mecónio é uma substância que constitui a excreção fetal e
que é libertada por qualquer causa de sofrimento, como é exemplo a oxigenação
insuficiente. A aspiração de menónio tem como consequências a obstrução de vias
respiratórias, após nascimento, que pode levar ao rebentamento dos alvéolos
pulmonares.
Índice de Apgar - teste
que consiste na avaliação da condição física do recém-nascido a 1, 5 e 10
minutos após o parto. São avaliados os seguintes parâmetros: batimento
cardíaco, respiração, tônus muscular, irritabilidade reflexa e cor da pele,
sendo-lhe atribuídos uma pontuação de 0 a 2 a cada. A pontuação final pode ir
de 0 a 10 e atribui um grau de asfixia: uma pontuação 0-2 indica asfixia grave,
3-4 moderada, 5-7 leve e 8-10 ausência de asfixia. Este teste é importante uma
vez que permite tomar medidas, caso necessário, e ter uma previsão a
médio/logo-termo dos cuidados a ter com a saúde da criança.
Neste estudo: um IMC de 25.0-29.9 aumenta
em cerca de 55% o risco de baixo Apgar aos 5 minutos; obesidade I/II de grau
(IMC 30-39.9) duplica/triplica, respetivamente, o risco; obesidade de III grau
(IMC maior ou igual a 40) aumenta mais de 3 vezes o risco.
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