Resumo de Tecnologia do senso comum. - Amauri Nolasco Sanches Junior

A
sensação que temos é que a humanidade deu um salto muito grande
tecnológico, mas em nenhum momento, pode ter essa evolução
moralmente. Por que? Alguns vão dizer que é culpa do capitalismo
que aliena, outras pessoas, vão dizer que a culpa é da falta de
educação que assola nossa sociedade. Duas coisas temos que
entender, embora eu concorde com Karl Marx que a produção em série
deixou o ser humano mais alienado porque o deixou automato, não
esquecemos que o ser humano é um ser racional (como diria
Aristóteles). Como um ser racional, ele percebe o ambiente onde vive
e expressa sua sensação e suas ideias (doxa), passando suas
percepções da natureza e do mundo social onde vive, adiante. Mas
essas sensações são subjetivas, elas tem a ver com as leituras que
fazem do mundo a partir dos valeres morais que recebem da educação
que são submetidos. Daí sempre podemos avaliar que mesmo com os
milhares de avanços tecnológicos que somos submetidos, nosso senso
de percepção sempre vai avaliar aquilo a partir das sensações e
valores culturais que somos submetidos, sempre de uma maneira ou de
outra.

Um
exemplo claro disso é a acirrada briga eleitoral onde alguns
defendem um lado e alguns defendem o outro por causa, muitas vezes,
de informações deturbadas que não explicam a realidade dos fatos.
Isso vem da educação que recebemos a seculos que tem um viés
religioso moral, aliás, a sociedade ocidental construiu ao longo de
seculos sua moral em cima de mitos religiosos que deram o pilar para
a construção do discurso do poder, o discurso dominante que nada
tem a ver com quem propagou essas ideias. Isso vimos no cristianismo,
isso vimos no budismo, isso vimos no judaísmo, isso vimos no
islamismo e em todas as tradições religiosas. A construção da
moral ocidental tem muito a ver com a construção da nossa moral,
por exemplo, o catolicismo sempre usou o novo testamento onde Jesus
diz que aquele que largasse tudo e o seguisse, iria ser seu fiel
seguidor como um convite a sermos pobres. Por muitos seculos, quem
ganhasse dinheiro era um pecador, o orgulho e a cobiça, eram
pecados. Herdamos isso é não esquecemos disso, só que com o
pensamento binário cartesiano que temos uma alma pensante (res
cogitans) e o corpo (res extensa), nós colocamos dentro de qualquer
pensamento e de qualquer critica esse pensamento binário, que torna
a discussão muito limitada. Então, quando vimos pessoas que estão
sorrindo em enterro, quando vimos as pessoas terem uma visão
apartidária, ou sem uma posição definida conceitualmente, nós não
conseguimos levar adiante a discussão e começam os ataques a pessoa
e não as ideias.

Como
disse em outros textos, a critica é uma analise muito mais
aprofundada da questão e não só um mero julgamento, e não pode
ter confusão com as crenças dominantes e sim, analisar o assunto
em si mesmo. Mas como vimos nas redes sociais, há uma certa
preferencia sobre as questões na ótica dos valores – que muitas
vezes são idealismos que transformam em militância cega – que não
fazem uma critica consistente e nem fazem uma analise sem ser “massa
de manobra”. As perguntas devem ser perguntadas, como: por que devo
apoiar tal candidato? Por que devo não gostar de tal escritor? Será
que as pessoas estão dizendo a verdade? Por que que as pessoas são
tão contra aquele partido? Se acredita em tal ideologia, leia o
fundador, se ler cometários sobre, nunca vai ter a melhor visão.
Afinal, como meu pai mesmo diz, você pode não acreditar em tal
informação, mas pelo menos, observa. Afinal, somos ou não somos
seres pensantes? Para fazer caridade, não precisa tomar banho de
água gelada (como se não houvesse crise da água), para acreditar
em uma verdadeira esquerda (aqui só tem caricatura), não precisa
votar no governo, para ser humanista, não precisa defender que está
fora da lei e fere seu semelhante.

Usamos
a tecnologia para sairmos da alienação e não para entrarmos mais
na alienação.

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