Zé Piquete
(VieiraSilva)
Zé Piquete é um sujeito muito conhecido no bairro, o seu jeito descontraído lhe rende muitos amigos. Gostam de cachaça, piadas e polêmicas; sempre tem uma boa anedota para contar e sábias observações sobre a vida. Aliás, comenta sobre quase tudo que o rodeia.Lembro quando o conheci, antes que alguém tomasse a iniciativa ele próprio se apresentou: - Prazer em te conhecer! Zé Piquete; as suas ordens. - O prazer é meu! - Respondi. Notando o seu lado hilário, perguntei! Com certa liberdade. - Por que o apelido, Zé Piquete? Provavelmente, este não é o seu nome! - Bem! Um engraçadinho me colocou este apelido depois que soube que sou fã de Marx,Engels, Lênin, Ernesto, Rafael Guevara de La Serna, Raúl Castro, Fidel Castro, e até de Lula.Finalizou dando risada. A seguir começou a falar de sua profissão: - Como pode ver pelas minhas roupas! Sou pintor de paredes. – afirmou, mostrando orgulho que faz. - Sempre estou por aqui, tomando umas e outras; se quiser me encontrar é só vir no mercadinho do “Chico Pão novo”. Como era recém-chegado no bairro queira saber de tudo, a fim de me enturmar, comentei: - Parece que aqui todos têm apelidos! O dele tem uma razão especial?Zé deu a risadinha de sempre, fez gesto para que eu baixasse, falou cochichando ao meu ouvido: - Você não sabe? O pão daqui, ainda que fique uma semana no balaio, para ele será sempre novo. Quando alguém reclama, ele diz: deixe de “sê besta” ele é mais novo que você! Você não gosta de ser chamado de velho! Gosta? - É justo o apelido, até lhe cai bem! Respondi. Zé tem a capacidade de ensinar agente a ouvir; ele fala sem parar, muda de um assunto para outro com uma facilidade única. Os seus ouvintes se limitam a balançar as cabeças, e de tempo em tempo soltam breves, ham! Hó! Entre as muitas risadas.Eu dei azar! Conheci-o no dia errado, ele estava como uma ariranha de raiva. Não conformava como os últimos acontecimentos políticos; chegavam todos os políticos, sem distinção! Dizia que eram os únicos culpados de viver em miséria. Que o país está loteado por estes fominhas, quesó pensam neles; ladrões, bandidos; são uns crápulas desclassificados. Completou limpando asaliva do canto da boca. A fim de acalmá-lo, disse, em tom apaziguador: - Não são todos bandidos! – Antes que pudesse fazer qualquer comentário a mais; fui interrompido. - Há é! Aponte pelos menos um destes que estão no topo político, que ainda não fez porcaria! Aponte. Pensei um pouco, disse com sinceridade: - Não me lembro no momento; mas tem! - Aconselhei. - Deixe isso de lado! Não vale a pena ficar nervoso. Nas eleições vamos colocar as coisas nos eixos. - Vieira! Deixe de ser trouxa, (falou sem reverência) poucos dias antes das eleições eles vestem pele de ovelhas, pagam bem a mídia para que apaguem os holofotes que estão sobre as suas sujeiras, com isso ficam mais um bom tempo enriquecendo com o nosso dinheiro. Apesar de comungar com seu pensamento, tentei mudar o rumo da prosa, fiquei com medo que ele aumentasse as estatísticas das tromboses cerebral do país - Tem muito serviço? Perguntei. - Ha! Não fico sem trabalho. Meu marketing funciona bem! Falou rindo. - Qual é seu “método” de propaganda? Perguntei. - Não está vendo! Jamais tiro minha roupa de trabalho, antes das nove da noite, minhas vestes são um outdoor, que não me custa nada. - Interessante “método”! - Respondi decidido ir embora. - Vou chegar, já é tarde! Falei, com intenção de sair. - Que tarde, cara! Só saio daqui, quando Chico fechar. Já ouviu a piada de um bêbado, que foi a igreja! E a do... Apesar de querer ouvir a piada, fiz um gesto lhe interrompendo, e fui saindo,enquanto ele gritava: - Volte amanhã! Vou contar do bêbado, do papagaio, da sogra; são novinhas! Em pensamento prometi que no dia seguinte, iria ouvir as piadas. Acenando, despedi: - Ate amanhã...
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