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Pilão De Ferro
(Zeneuda de Sousa)

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PILÃO DE FERRO ( Volume I )

Nas noites de lua cheia todas as portas da Fazenda
Santa Rita, se fechavam mais cedo, ninguém se aventurava sequer olhar pela janela para ver o que
estava acontecendo lá fora, as mulheres pegavam seus terços e rezavam, os
homens se recolhiam e fingiam dormir, as crianças corriam para cama da mãe e
choram de medo, tamanho era o rebuliço lá fora.

Na época da moage da cana, final do mês de abril inicio
de maio dos anos 60, Pilão um negro de 1.95 de altura, pesando aproximadamente
120 quilos, foi encontrado morto
encostado no alambique do engenho, onde se destilava cachaça, botando
uma baba amarela pela boca e um satisfeito sorriso nos lábios.



O dia começava cedo na Santa Rita, às 06 horas da manhã
todos estavam de pé em atividade. O coronel dava as ordens e exigia a presença
de todos, quando sentiu falta do negro
Pilão, mandou fazer uma busca e os
caçadores voltaram sem noticias, por volta das 09:30 horas, sua filha Rebeca de
10 anos, que costumava brincar perto
dos alambique encontrou o negro, e correu para casa gritando que o negro dormia
encostado no alambique, o Coronel
correu pra lá com o chicote em punho pronto para acordar o negro com
chibatadas, quando se aproximou constatou
que ele estava morto, o Coronel ficou furioso e começou a chutá-lo
mandando que ele se levantasse, foi
quando seu filho Miguel, braço direito do Coronel, interferiu e o afastou
dizendo: Pare você não esta vendo que o infeliz esta morto? O Coronel não se
contendo de raiva continuou chutando e dizendo não lhe dei permissão para
morrer levanta infeliz, o filho interferiu novamente e o afastou.



No velório
do Negro Pilão, aconteceu de tudo,
primeiro o Coronel mandou buscar O Pastor da sua Igreja, o mesmo se recusou
dizendo que o negro tinha um pacto com demônio e que não participaria da tal cerimonia, zangado e muito nervoso,
mandou o mesmo portador ir buscar o padre,
que também se recusou encomendar alma do Negro Pilão. O Coronel
indignado resolveu que ele mesmo faria
funeral, mandou buscar sua bíblia e determinou que todos ali presentes
tinham que fazer uma prece pela alma do Negro, abriu sua Bíblia no salmo 23 e
começou a ler, quando o vaqueiro João das Velhas, o interrompeu dizendo: Espia Coroner,
o infeliz ta com um sorriso na cara parece que ta zombando de nos. O coronel irritado com interrupção
respondeu: Não quero nem saber se ele esta sorrindo para Deus ou para o diabo,
vamos terminar logo essa estória que não tenho mais tempo para perder com este
infeliz. Supersticioso, e já muito nervoso decidiu que não enterraria o negro
no cemitério da Santa Rita, mandou então que o enterrasse em baixo de uma
arvore próximo ao alambique, lugar favorito do negro. O enterro aconteceu por
volta das 17 horas, o Coronel deu o resto do dia de folga para todo mundo.



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