Fogo Morto
(José Lins do Rego)
A primeira parte do romance centra-se na casa, à beira da estrada no engenho Santa Fé, do Mestre José Amaro, seleiro orgulhoso e machista, que recusa-se a ser dominado por qualquer um, só trabalha para quem escolhe e admira o cangaceiro Antônio Silvino. Boa parte deste trecho da obra se constrói através dos diálogos travados por José Amaro com os passantes. Entre estes está o compadre Vitorino Carneiro da Cunha, apelidado pelas crianças de Papa-rabo. O Mestre irrita-se com o Coronel Lula de Holanda, dono das terras em que mora, e que sempre vê cruzando a estrada em seu cabriolé, sem jamais parar para cumprimentá-lo. Vai adiando, portanto, atender ao chamado do Coronel para que vá com ele conversar na casa grande. Vemos o lento processo de enlouquecimento de Marta, sua filha, em quem José Amaro bate para tentar curar. O Mestre recebe uma encomenda de compras de Antônio Silvino e sente-se muito orgulhoso em poder ajudá-lo. Seu caráter fechado e ranzinza vale-lhe a fama de se transformar em lobisomem, e as pessoas temem encontrar com ele à noite. Por fim, tem que mandar a filha para o hospício em Recife e acaba por atender ao chamado do coronel Lula, que lhe ordena que se retire de suas terras. No início da segunda parte do livro, temos uma regressão temporal, com o narrador retornando a 1850 ao contar a fundação do engenho Santa Fé pelo Capitão Tomás Cabral de Melo. Mudando-se para a região antes de 1848, compra as terras e funda o engenho que acaba por fazer prosperar. Casa sua filha Amélia com Lula Chacon de Holanda, seu primo, que pouco interesse ou aptidão tem para dirigir o engenho. Adoentado, deixa sua mulher, D. Mariquinha, dirigir os negócios. Quando morre, Lula entra em disputa com a sogra e acaba por tomar-lhe as terras e o poder. Castigando os escravos com requintes de crueldade, andando com seu cabriolé para cima e para baixo, Seu Lula vai se afastando cada vez mais do povo de Pilar e seu engenho entra em total decadência quando vem a Abolição e seus escravos debandam. Autoritário, impede os homens de se aproximarem da filha. Epilético, tem um ataque na igreja e passa a se dedicar com fervor à religião. Empobrecido, gasta até as últimas moedas de ouro que lhe deixou o sogro. Sente uma inveja enorme de seu vizinho José Paulino e de seu engenho Santa Rosa e despreza o espírito quixotesco de Vitorino Carneiro da Cunha. Esta parte se encerra com a frase melancólica: Acabara-se o Santa Fé. Na terceira e última parte do romance predomina a ação. O capitão Antônio Silvino invade a cidade do Pilar, saqueia as casas e lojas. Invade o engenho Santa Fé, ameaça os moradores em busca do ouro escondido. Tentando defender o engenho, Vitorino é agredido e só a intervenção de José Paulino faz com que os cangaceiros desistam. Vitorino apanha também da polícia, José Amaro e seus companheiros são presos e agredidos. No final, após serem libertados, Vitorino e o mestre José Amaro seguem rumos diferentes. O primeiro pensa em influir politicamente na região. O segundo, abandonado pela mulher, com a filha louca e expulso de sua casa, acaba por cometer o suicídio, enquanto o cabriolé de Lula passa pela estrada e o Santa Fé virou engenho de fogo morto.
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