Resumo de Crito

Platão (429ac-348ac) é geralmente considerado um dos maiores filósofos da história, além da profundidade ímpar de seus textos, chama a atenção sua forma de escrita. Platão não escreve tratados mas sim diálogos; isto é, ler Platão é como ler uma peça de teatro onde os personagens discutem determinados temas. Na maioria dos diálogos de Platão o personagem central é Sócrates que conduz a discussão e veicula o pensamento do próprio Platão.No diálogo Criton a ação se passa na cela da prisão na noite que antecede a execução de Sócrates. Criton, personagem historicamente real, visita Sócrates e lhe faz a seguinte proposta: Foste julgado e condenado a morte de maneira injusta. Se ficares e morreres além do mal que será para ti tua própria morte, também trarás sofrimento a tua família e amigos. Como aqueles que te julgaram além de injustos são corruptos, nós os teus amigos levantamos dinheiro e subornamos os teus carcereiros. De modo que podes sair agora. No porto de Atenas te espera um barco com tua mulher e filho além de muito dinheiro. Podes fugir agora e viver no exílio. Vamos embora meu amigo?Ao que Sócrates responde: vamos conversar a este respeito. Se me convenceres, fujo e vou viver no exílio, caso o contrário ficarei para morrer. Aceitas a minha proposta? Criton, certo de que venceria discussão, aceita a proposta de Sócrates.Sócrates começa a discussão apresentando os seus parâmetros Parâmetros que, a partir daí, se constituirão na base por excelência da discussão ética na filosofia. Qualquer discussão, nos diz Sócrates deve ser racional e objetiva, isto é, não se poderá apelar para um eventual medo da morte, subjetivismo, e nem para qualquer argumentação que não possa ser sustentada nos domínios da razão. Além disso, propõe Sócrates, fugir ou fugir será certo ou errado, independentemente das conseqüências que possam advir para ele, Sócrates. Isto é, se fugir for certo, o será independentemente do bem que traga a quem comete tal ação, da mesma forma, se for errado o será independentemente das conseqüências que, no caso de Sócrates, representariam sua própria morte.Assentadas essas premissas Sócrates expõe o seu argumento para não fugir: Atenas é uma democracia direta, isto é, não representativa. Em Atenas as leis são fruto da livre deliberação de seus cidadãos. Todas as leis em Atenas poderiam ser alteradas, caso os indivíduos assim o quisessem. Ora, diz Sócrates, nunca quis mudar as leis de Atenas, sempre as considerei boas leis. Caso não as considerasse boas e não tivesse obtido apoio popular para alterá-las e julgasse que viver sob tais leis fosse intolerável, poderia perfeitamente ter ido embora da cidade. Coisa que nunca quis fazer. Como posso eu agora, argumenta Sócrates, só porque as leis se voltam contra mim, não aceitar o seu veredito?Fugir significaria universalizar como princípio ético que os pactos somente necessitam ser cumpridos quando não nos trazem conseqüências desagradáveis. Como construir uma sociedade se as pessoas somente respeitam seus pactos quando lhes convém?O resultado todos conhecem. Sócrates não fugiu e morreu no dia seguinte, dando o testemunho sobre como se comporta um homem que acredita em valores morais.Platão nesse diálogo começa a construir, se valendo da figura de Sócrates, as bases sobre as quais se assentaria a ética ocidental.

Resumos Relacionados