Vidas Secas
(Graciliano Ramos)
VIDAS SECAS aborda a problemática da seca e da opressão social . É uma narrativa em terceira pessoa. O romance tem um caráter fragmentário . São "quadros", episódios que acabam se interligando com uma certa autonomia. Mesmo com essa estrutura descontínua, há uma proximidade entre o primeiro capítulo. Uma família sertaneja fugindo da seca. Compõe a família: Fabiano, sua esposa Sinha Vitória, os dois filhos do casal caracterizados por menino mais novo e menino mais velho, a cachorra Baleia e um papagaio, que morrera para alimentar a família . Como o próprio título sugere, a situação da seca acaba por tornar as pessoas (vidas) em amargas (secas), como no episódio onde o menino mais velho senta-se no chão exausto da caminhada. Fabiano tem uma reação totalmente hostil :"-Anda, condenado do diabo..." , pois o pai possuía "o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça.". FABIANO: a família se aloja em uma fazenda abandonada. Depois de uma trovoada, o dono da fazenda chega e expulsa a família de retirantes . Fabiano se faz de desentendido e se oferece para trabalhar como vaqueiro. O fazendeiro acaba por aceitar a oferta. De vocabulário reduzido (mais grunhindo do que falando), inveja o seu Tomás da bolandeira, por possuir facilidade em se expressar. O seu caráter isolado, sua rusticidade e o pouco vocabulário o faz se aproximar de um bicho, como ele próprio coloca: "Você é um bicho, Fabiano." , pois como o narrador revela, ele "Vivia longe dos homens, só se dava bem com os animais". CADEIA: temos a aparição do soldado amarelo simbolizando a autoridade governamental. Fabiano, que ao ir à cidade fazer compras, acaba por jogar cartas com o soldado amarelo. Depois de um pequeno desentendimento, Fabiano é preso e espancado. Ele tenta compreender sua situação, mas não consegue devido a falta de organização de seus pensamentos. Revolta-se contra a injustiça que sofre, desejando vingança , mas acaba se conformando . SINHA VITÓRIA: centrado na esposa de Fabiano, mostra-nos o seu desejo em adquirir uma cama de couro (como a do seu Tomás da bolandeira ). Os esforços nesse sentido parecem inúteis, pois eles tem muito pouco com o que economizar .Vitória fica inconformada com a sua situação, ao contrário do marido, que aceita os fatos de forma mais passiva . Fabiano a compara com o papagaio que morrera, fazendo analogia ao seu caminhado. No entanto, ela se mostra mais esperta do que o marido, além de articular as palavras melhor do que ele. O MENINO MAIS NOVO: o garoto é apresentado como possuidor de um único ideal em sua vida: ser igual ao pai .Querendo imitar o pai, o menino tenta fazer montaria em um bode, acabando por cair. O tombo revela que o garoto ainda não é Fabiano, entretanto, tal fato não o afasta de seu sonho: "... precisava crescer, ficar tão grande como Fabiano, matar cabras a mão de pilão, trazer uma faca de ponta à cintura. Ia crescer, espichar-se numa cama de varas, fumar cigarros de palha, calçar sapatos de couro cru." O MENINO MAIS VELHO: O menino se impressiona com a palavra inferno. Na tentativa de compreender o seu significado, pergunta a sinha Vitória, que fala pouco e age de modo arbitrário ao repreendê-lo. Busca aprendê-la , pois possuía "... um vocabulário quase tão minguado como o do papagaio que morrera no tempo da seca." Há uma aproximação dele com Baleia, devido a sua carência, pois a cadela lhe devota uma certa atenção. FESTA: a família vai à cidade para as comemorações do Natal. A família veste roupas confeccionadas por sinha Terta para a ocasião. Aumenta o sentimento de inferioridade ao perceberem a grande diferença entre esses dois mundos. Fabiano se embebeda, enchendo-se de coragem para fazer provocações. Como ninguém lhe responde, acaba voltando para junto de sua família. BALEIA: Baleiaadoece (fica hidrófoba). Cai-lhe o pêlo, estava magérrima e com o corpo cheio de chagas. Fabiano resolve matá-la , temendo que passe a doença aos filhos. CONTAS: Fabiano é enganado no acerto de contas com o patrão. Ao comentar que a conta do patrão difere da de sinha Vitória, este se irrita, diz que são os juros e intenciona demiti-lo. Fabiano que acaba por se humilhar e pedir desculpas ao patrão, mesmo sabendo que este está lhe enganando . O SOLDADO AMARELO: um ano após ser preso e espancado pelo soldado amarelo , Fabiano o reencontrará na caatinga. Embora deseje vingança, acaba submetendo-se a ele e ensinando-lhe o caminho. Percebe-se que, fisicamente, o soldado é mais fraco do que Fabiano -"O soldado, magrinho, enfezadinho, tremia". Todavia é por ele respeitado por representar o governo -"Governo é governo". O MUNDO COBERTO DE PENAS: Fabiano e sua família preparam-se para partir pelo prenúncio de outro período de seca , que é anunciado pelas aves de arribação . Fabiano atira nos pássaros para garantir alimento para a família para os próximos dias. A FUGA: partida da família de Fabiano. A seca começa a se tornar forte e, não tendo como resgatar sua dívida junto ao patrão, resolvem fugir. Fabiano nutre esperanças quanto ao futuro dos garotos , estudando e morando numa cidade grande ; sinha Vitória pensa um dia poder dormir em uma cama de couro. Mistura de sonhos, descrenças e frustrações em que termina o romance.
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