Poema Sujo
(Ferreira Gullar)
O Poema Sujo é um livro de Ferreira Gullar, escrito em 1975. Texto autobiográfico, é composto por um poema com mais de dois mil versos. Através dele, o autor resgata sua infância, adolescência e outros fatos importantes de sua vida. Para fugir da ditadura brasileira, seguindo conselhos de amigos, Ferreira Gullar refugiou-se em Buenos Aires. Dá-nos a impressão que o autor quer desabafar. É a experiência longe da família e da terra natal que ele nos conta. O título do livro pode ser interpretado sob três ângulos. Poema Sujo, pois é um livro de memórias e nunca se consegue relembrar, totalmente, fatos do passado. Poema Sujo, por não seguir as regras poéticas de métrica, rima, palavras adequadas e vocabulário. Há gírias, palavrões e, até mesmo, obscenidades na linguagem. Ainda pode ser Poema Sujo por ser de um autor perseguido na época, contrário ao regime do seu tempo de rapaz. No início do livro, para sintonizar o passado, parece que o autor liga um rádio de ondas curtas. Para chegar até esse passado, Ferreira Gullar encontra barreiras, mostra sua determinação para vencer os obstáculos como se fosse um desbravador. Apesar da conotação sócio-política, não é um livro que envolva a política. Nem as pessoas da esquerda ficaram satisfeitas com o poema. Os versos podem ser lidos de forma desordenada. Não há linearidade. Memória e fatos vêm como se fossem flashes, lembranças do passado. Cada lembrança leva à outra. E, assim, ficamos conhecendo a vida desse autor, um livro aberto. As imagens surgem do fundo da memória e explodem nos dois mil versos lidos. Não há uma seqüência, o autor nos surpreende com o inusitado. Parece que estamos na Internet a navegar, abrindo janelas. Janelas da existência de Ferreira Gullar.
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