O Homem Sem Rosto
(Markus Wolf, Anne McElvoy)
Histórias de suspense, espionagem, ação, são sempre leituras interessantes. Quando são verdadeiras, melhor. E se são contadas por quem viveu a experiência, são irresistíveis. No caso, a coisa vai além. Markus Wolf foi chefe do serviço secreto da Alemanha Oriental durante o período da Guerra Fria. Queria ser engenheiro aeronáutico, mas foi requisitado para trabalhar como espião e acabou liderando um esquema que envolvia centenas de pessoas em todo o planeta. A narrativa é de um homem amargurado, desgostoso com o que fez, com a vida que levou, desiludido com o sistema comunista, em que acreditava e ao qual serviu, e que ruiu diante de seus olhos. O sofrimento do sonho perdido é um ponto a ser levado em conta. O que pesa mais no relato, no entanto, é a minúcia, a riqueza de detalhes com que são descritas todas as tramóias, os truques, as artimanhas do serviço secreto - no caso, o da Alemanha Oriental, mas na verdade, qualquer um, de qualquer país, em qualquer momento da história. Parece coisa de filme hollywoodiano. Não é. Tem encontro para troca de informações em praças de Viena, tem festas e bebedeiras com agentes disfarçadas de prostitutas em busca de informações, tem gente inocente usada como informante. Todos os ingredientes de um bom thriller. Reais. E contados pelo chefão. Existem bons livros de espionagem para quem gosta do gênero. Graham Greene e Frederick Forsyth são dois mestres.Hans Otto Meissner escreveu a história de Richard Sorge, o espião que não se sabe que fim levou. Elyesa Bazna contou o caso do espião Cícero na Segunda Guerra Mundial. John Le Carré criou o gordo e azarado espião que saiu do frio. A autobiofrafia do Homem sem Rosto, codinome de Markus Wolf, é tão bom ou melhor. É testemunho.
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