Um Copo De Cólera
(Raduan Nassar)
Um Copo de Cólera, de Raduan Nassar, é um livro diferente dos outros. Foi publicado em 1970 e é composto por sete capítulos, cada um deles com um único período e apenas um ponto final. A obra conta sobre a desavença entre os protagonistas ? um homem e uma mulher. O homem não tem nome e não se sabe sua profissão. A mulher, também sem nome, é jornalista. Simbolicamente, o homem representa o próprio poder ( a história foi escrita na década de 70, em plena ditadura militar ), o dominador; a mulher, sua esposa, é o povo dominado e oprimido. Isso não significa que o autor tenha tido essa intenção. A história começa com um fato banal, quando ele se irrita por causa de formigas que estão destruindo arbustos que cercam a chácara. E aí se desentende com a mulher. Comparando, as formigas destroem a cerca e a vida desse homem. Em Um Copo de Cólera o protagonista não gosta de ver sua mulher conversando com os subordinados. Isso lembra a obra São Bernardo, de Graciliano Ramos, quando o personagem Paulo Onório também queria que sua mulher falasse com os empregados. O casal representa a crise entre o homem e a mulher, nos pequenos conflitos do dia-a-dia que se tornam insuportáveis. Enquanto que na atividade sexual ela satisfaz o marido, sendo submissa, no debate ideológico é ela que domina, por ser jornalista e falar bem. Apesar das brigas, não há vencido e vencedor. No final do livro ele se encontra sozinho, já que ela vai embora. O primeiro e o último capítulos têm o mesmo nome ? A Chegada. Leva-nos a crer que o primeiro apresenta a visão masculina e o segundo, a visão feminina. O homem vê na mulher a figura de amante e de mãe, principalmente quando ela lava seus cabelos. Ela o vê como filho quando está deitado na cama, encolhido como um feto. O autor tenta equilibrar razão e emoção. Ele, mais racional, perde a razão em determinados momentos, enquanto ela se deixa dominar em outras situações. Ambos representam papéis que a sociedade estabelece: homem tem que pensar e agir de uma maneira; a mulher tem que representar o seu papel de mulher. Apesar de escrita na época de 1970, da ditadura militar, a obra é uma novela pós-modernista cuja história acontece hoje, amanhã ou pode ter acontecido no passado. A linguagem é carregada de termos eruditos, rebuscada (lembra a retórica barroca), mas em certos momentos o autor joga palavrões e termos coloquiais para representar bem o dia-a-dia desse casal. A leitura desse livro é surpreendente pelo estilo diferente e pela forma interessante de retratar o cotidiano de um casal. Parece que o homem e a mulher estão vivos, prontos a saltar aos nossos olhos...
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