Assombro
(Onésimo Gomes)
Assombro
Essa ossada sobre o soalho sempre silenciosa soa sinistro. Eva evapora a erva virulenta e solta sobre a janela, envolta na ação da sombra que assombra. A ação da sombra assombra, como a fumaça da sombra assombrou o homem abandonado pelo homem, o menino esquecido pela criança, a mulher gerando a guerra na memória de Adolfo Hitler. A dialética acerca-nos e enxerta seus ramos parindo raízes medicianais de sabor estranho. Quem provou esse sabor ariano? Silêncio! Ouça a sinfonia dos ossos, veja a fumaça nos morros, nas favelas, no campo, nas vielas... Silêncio! Não diga nada!
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