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Passo De Caranguejo
(Günter Grass)

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O romanesco é uma maneira de fazer conexões entre indivíduos, fatos e épocas que, em princípio, nada têm a ver um com o outro. É uma forma de dar sentido ao mundo.
Grass é um escritor político e em o Passo de Caranguejo, o narrador vai ligar a história da Alemanha à desgraça da sua vida pessoal, tentando dar sentido às duas. aqui essa conexão não é feita por meio de recursos alegóricos, e sim por uma linguagem simples, que intercala fato e ficção, chegando por vezes a um realismo quase documental.
Grass constrói seu romance a partir das vidas de três indivíduos que se cruzam por casualidades históricas: Wilhelm Gustloff, um militante nazista assassinado na Suíça, em 1936, e transformado em mártir pelo Terceiro Reich; o estudante judeu que o assassinou, e o comandante do submarino russo que pôs a pique, em 1945, o navio batizado com o nome do militante assassinado.
Três indivíduos que, por uma série de coincidências, terão efeitos determinantes na vida pessoal e familiar do narrador.
A tragédia dos civis alemães que tentavam fugir da ofensiva soviética na frente oriental no final da Segunda Guerra foi durante muito tempo um tabu entre intelectuais de esquerda na Alemanha, uma questão identificada à direita nacionalista e silenciada pela memória oficial do país.
Não é à toa que Grass tenha causado um certo furor ao lançar um romance que faz do pavoroso naufrágio do Wilhelm Gustloff, no Báltico, em 30 de janeiro de 1945, que deixou 9.000 refugiados mortos, entre crianças, mulheres e soldados feridos, o vértice do seu enredo.
O narrador do livro é um jornalista que sobreviveu recém-nascido, nos braços da mãe, ao naufrágio do Wilhelm Gustloff. Mais de 4.000 bebês, crianças e adolescentes morreram.
Ao dar início a uma pesquisa na internet sobre Schwerin, pequena cidade onde passou a infância, na antiga Alemanha Oriental, o jornalista acaba descobrindo um site neonazista e reconhecendo na sala de bate-papo a voz perturbada do seu próprio filho obcecado pelo naufrágio e influenciado pela memória revoltada da avó, que se sente injustiçada pelo fato de a tragédia ter sido apagada do passado do país.
À imagem da internet, as conexões vão se multiplicando por razões muitas vezes ignoradas até pelos próprios personagens envolvidos, como se todos os homens estivessem de alguma forma ligados à mesma história a despeito de suas vontades ou consciências.
E é aí que entra a política provocadora e realista de Günter Grass diante da ineficácia evidente dos que acreditam poder cortar o mal pela raiz pelo simples decreto da sua ilegalidade.
O romance mostra que não adianta proibir e recalcar. É preciso enfrentar o mal.
O jovem neonazista é filho do jornalista esclarecido, de esquerda, e não um estranho distante. A proximidade torna as coisas mais complexas. De nada adianta selecionar a memória. Mais cedo ou mais tarde, ela volta como um fantasma capcioso, como o trágico navio esquecido pelo mundo inteiro, ou melhor, recalcado da memória coletiva, mas que de repente voltou a vagar na internet como uma alma penada, agora a serviço de neonazistas.



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