Senhora
(José de Alencar)
Senhora conta-nos a vida de uma bela moça desiludida e rancorosa , chamada Aurélia Camargo o fruto da união entre o filho de um rico fazendeiro e uma órfã pobre. Seu pai, Pedro era o filho natural de Lourenço de Sousa Camargo, um homem prepotente e severo. Este apesar de não reconhecer o filho como herdeiro, mantinha-o no Rio de Janeiro com uma boa vida enquanto estudava Medicina. Foi na corte que Pedro conheceu a mãe de Aurélia, Emília Lemos, pobre e órfã e por quem apaixonou-se. Pedro manteve em segredo sua paixão assim como seu casamento, e teve de viver separado da esposa, com quem teve 2 filhos: Emílio e Aurélia. Lourenço comunica ao filho da sua intenção em que se case com uma moça rica da região. Pedro foge para unir-se á sua esposa e filhos e acaba morrendo em um rancho. O dono do rancho, de posse de uma maleta que Pedro levava consigo, guarda-a com a intenção de entregá-la a Lourenço. Aurélia vai crescendo ao desamparo, quase à míngua. A condição humilde em que vive, e a mãe doente precisando de cuidados não lhe traz alternativas a não ser expor-se à janela na tentativa de arranjar um casamento. Imposição da própria mãe. Aurélia, que por sua estonteante beleza atraía os mais finos moços da Corte. Apesar da descida de sua reputação, é estimada por dois rapazes da sociedade: Eduardo Abreu e Fernando Seixas. Aurélia e Fernando apaixonam-se; ele pedindo-a em casamento. Apesar da intensa relação amorosa, Fernando, possuidor de personalidade interesseira, se vê tentado a casar-se com outra moça, Adelaide, em que receberia um dote de trinta contos. Fernando desmancha o namoro com Aurélia para casar-se com Adelaide. A essa altura, Lourenço Camargo recebe do dono do rancho em que o filho faleceu a maleta. Abre-a, encontra uma extensa carta que Pedro contando o seu amor por Emília e pedindo-lhe perdão. O pai vai ao Rio de Janeiro procurar Aurélia e os netos e a faz herdeira de sua fortuna. De posse da fortuna que lhe fora destinada e tendo como tutor seu tio Lemos, Aurélia incube-o da administração dos negócios. Aurélia, após ter-se estabelecido confortavelmente em suntuosa mansão, ordena ao tio Lemos que dê trinta contos ao Dr. Torquato Ribeiro, possibilitando-o de efetuar seu casamento com Adelaide Amaral. Para Fernando Seixas, pede ao tio, que ofereça a quantia de cem contos para casar-se com uma moça desconhecida, rica e jovem. Fernando não aceita a proposta, sentindo-se ultrajado. Fernando vendo-se preso a uma dívida doméstica, resolve então aceitar a proposta de Lemos desde que lhe sejam adiantados vinte contos. Quando Lemos apresenta a noiva a Fernando, este entra em êxtase por se tratar de Aurélia, a quem abandonara, porém nunca deixou de amá-la. Fernando segue confiante até a primeira noite do seu casamento, quando Aurélia o leva a seus aposentos e comunica-lhe que dormirão em quarto separados, e que não haverá nenhuma intimidade entre eles,deixando-lhe bem claro o papel de marido comprado apenas para manter as aparências na sociedade. Ele decide continuar trabalhando na repartição mesmo contra a vontade de Aurélia. Guarda os oitenta contos. Desenvolve-se entre o casal um ódio mórbido recíproco, enquanto tentam manter uma falsa felicidade. Certa ocasião Aurélia contrata um artista para pintar o retrato do marido para colocá-lo ao lado do seu na sala. A obra não a agradou pois as feições de Fernando denotavam abatimento. Ordenou ao artista que suspendesse o trabalho. A contragosto do artista, que alega ter pintado a alma do modelo, o quadro é interrompido. A partir daí Aurélia empenha-se em amenizar a relação com Fernando porque o quer com o semblante tranquilo. Fernando, mais uma vez iludido com as seduções da mulher, perde a dureza da expressão. Aurélia pede ao pintor que retorne a obra. Este capta as novas feições suavizadas de Fernando sob a orientação de Aurélia, pinta-o com as roupas que usava quando conheceram-se em Santa Tereza. O trabalho concluído é colocado na parede do seu quarto enquanto o outroretrato em que o marido aparece com a expressão dura, é exposto na sala de visitas. Certo dia, Aurélia leva Fernando ao seu quarto e mostra-lhe o quadro, dizendo-lhe que ali estava o homem que ela ainda amava. O artista conseguira captar a alma deste homem. Continua a lhe falar que quando ele voltasse a ter essa pureza, tornaria a amá-lo. As brigas em torno de desconfianças chegam a um alto grau de ofensas mútuas quando Fernando comunica que quer formalizar a separação. Aurélia tenta justificar-se mas Fernando é inflexível, quer restituir-lhe o dinheiro do contrato imediatamente.Devolve à Aurélia o que lhe pertence, os cem contos, e reconquista sua liberdade. Pronto para deixá-lo, Aurélia detém-se para dizer-lhe que após terem se tornado, ambos, estranhos um ao outro, ainda assim seu amor continua intacto. Ajoelha-se a seus pés e suplica-lhe que aceite seu amor. Fernando ergue-a em seus braços e beija-a com paixão. Mas, possuído por um pensamento desesperançoso diz-lhe que a riqueza dela os separou para sempre. Aurélia, então solta-se do marido, vai até o toucador e volta com um envelope contendo seu testamento. Ela despedaçou o lacre e deu a ler a Seixas o papel. Era efetivamente um testamento em que ela confessava o imenso amor que tinha ao marido e o instituía seu universal herdeiro. Seixas contemplava-a com os olhos rasos de lágrimas.
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