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Passo A Passo Espanhol
(Mota)

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Já no prefácio, nos deparamos com um ?simples, lógicos e práticos, os guias Passo a Passo fazem do aprendizado um verdadeiro prazer?, porque ?Charles Berlitz, lingüista mundialmente famoso e autor de mais de 100 livros de ensino de línguas, descobriu métodos e técnicas simplificados...?. Bueno, já a esta altura o livro promete, embora una luzita de desconfiança se acenda. As línguas, tão diversas quanto a criação humana, permitem uma abordagem com técnicas e métodos simplificados, como se fossem uma homogênea universalidade? Outra luzita: Charles Berlitz, de mais de 100 livros de ensino de línguas, é um autor, marca de produto ou nome que se vende como uma franquia? Mas não perguntemos tanto, porque, nos passos prometidos, ?os diálogos, além de interessantes, irão fixar-se facilmente em sua memória, pois baseiam-se em palavras imediatamente utilizáveis na comunicação?. E não prometem mal, porque já o primeiro diálogo é inolvidável.

?- Buenos días, señor.
- Buenos dias.
- ¿Está libre esta mesa?
- Sí, señor. Siéntese, por favor.
- Con su permisso.
- Oh, perdone, señora.
- No es nada, señor.
- Camarero, un café negro, por favor.
- Si, señor, em seguida.
- Ah, Ramon, ¿como está Usted? ...?

Acredito que os falantes Berlitz de todas as 100 línguas jamais compreenderão por que Ramon irrompe tão de repente nesta lição. O fantástico Charles Berlitz poderia responder que se não fosse Ramon seria Pablo. Mas a estranheza continuaria. Por que se nomeia alguém numa fala, quando nas anteriores ninguém fora nomeado? E o suspiro, que se supõe de uma senhora, é um anúncio de que muito sentira a falta de Ramon, e que agora se encontram às escondidas num Café, (poderíamos vê-la com o rosto encoberto por um véu negro numa tarde em Madrid?) e que por isso alguma revelação virá desse nomeado querido. ?Ah, Ramon...?. Pero esta es la respuesta:
? ? Muy bien, gracias. ¿Y Ud. ??

Este casamento perfeito de absurdos, o suspiro e sua resposta, somente é comparável aos vários divórcios das linhas anteriores. Quem primeiro fala, o garçom ou o cliente? Pelo tratamento cerimonioso, gentil, de quem deseja vender alguma coisa, somente podemos concluir que é o garçom, quando diz, ?Buenos días, señor?. No entanto, já na terceira fala, aquele que seria o garçom, pergunta, ?¿Está libre esta mesa??. Não, não pode ser. Então invertamos. A primeira fala é do cliente, que é muito educado, ainda que fuja do comportamento universal de que o pagante cumprimenta com o dinheiro. Entra o cliente: Buenos dias, señor. E na terceira, pergunta: ¿Está libre esta mesa? Ao que lhe responde o garçom: Si, señor. Siéntese, por favor. E continua, o cliente, educadamente: ? Con su permisso. Mas eis que ao sentar, pelo visto, senta-se no colo de uma senhora, porque (num salto?) se desculpa : - Oh, perdone, señora.

Está visto que o diálogo, projetado para uma situação real, cotidiana, em um Café, e que por isto deveria ter algum fio lógico, revela-se apenas um conjunto de linhas sem nexo, cujo único objeto é expor cumprimentos, buenos dias, perdone, com su permisso, e um suspiro, que nos envenena, Ah, Ramon!

Em outra lição, somos postos numa conversação de corrida de táxi.
?- Taxi, ¿está libre?
- Si, señor. ¿Adónde va Ud?
- Al Hotel Ávila. ¿Está lejos?
- No, señor. No está lejos. Está cerca.?

As perguntas e respostas são curtas, como convém aos que se iniciam no estudo de uma língua, como parece achar um autor da franquia Berlitz. Mas ainda que em tão curtas linhas, ?ele? consegue o prodígio de aprisionar o nonsense. Se não, acompanhem: um indivíduo, que por todos os motivos não deve ser o motorista, pergunta antes de entrar, ¿está libre? Resposta: Si, señor. ¿Adónde va Ud? Aí, em 2 linhas, já está o desastre: motoristas, com seus táxis livres, não perguntam aos clientes aonde vão. Recebem-nos, põem-se a rodar, e se o cliente não diz aonde vai, o taxímetro grita um bem-vindo a cada quilômetro rodado. Mas este motorista Berlitz é umhomem de bem, educado, que pergunta aonde vai o freguês. A ser interpretado pelo álcool e boa vontade do cliente, essa pergunta será gentil ou indelicada. Se for interpretado como gentil, o motorista apenas deseja ser útil a quem entra no seu carro. Mas se for tomado como um grosseiro, ele apenas quererá dizer que a este ou àquele lugar o seu táxi não estará livre.

Bueno, o táxi corre mais 2 linhas. Primeira ? Al Hotel Ávila. ¿Está lejos? Segunda - No, señor. No está lejos. Está cerca. E aqui mais uma vez, nesta segunda, outro desastre. Miren: este livro é vendido no Brasil, e é básico, em qualquer método pedagógico: novos conteúdos se ensinam a partir da experiência de quem aprende. E no Brasil, atenção, Berlitz!, um motorista de táxi nunca está suficientemente perto do destino ignorado pelo cliente. Entendem? Chega um estranho, que nunca pisou na cidade, e depois de entrar no táxi (perdei a esperança, ó vós que entrais), pergunta se determinado hotel é longe. Ora, por todos os defeitos da esperteza nacional, ele receberia a resposta de que o Ávila é longe, pero no mucho. Jamais, jamás que no está lejos.

Pero no siempre Berlitz es malo, por supuesto. Lá no último passo, no último capítulo, se escreve a sua mais importante lição: ?VOCÊ SABE MAIS ESPANHOL DO QUE IMAGINA?. Ah, se soubéssemos disto antes!



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