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(Isabel Stilwell; Ana Stilwell)
Este livro reflecte dois diários distintos, o da mãe de quase 39 anos e o da filha Margarida, de 14 anos, onde as atitudes de cada uma se cruzam e são vistas pelos olhos de uma adulta, por vezes incompreendida e pelos olhos de adolescente com as hormonas atabalhoadas de conflitos e de crises existenciais, próprias da sua idade. E de uma forma geral estes dois diários abordam as preocupações de uma mãe e as ansiedades e dúvidas de uma filha, de tenra idade. A questão das saídas precoces à noite, a preocupação com as drogas, os primeiros namoros, as primeiras experiências sentimentais, a primeira perca familiar, as relações faternas, o gerir uma relação de amizade, as notas na escola, etc. são questões que aqui são colocadas de forma simples (demasiado até) mas, que por vezes até são cómicas. É engraçado que a leitura deste pequeno livro me recordou que eu também tive em tempos um diário, onde desabafava tudo o que me rodeava, há anos que não lhe escrevo uma linha, mas todas as minhas crises de adolescência estão lá registadas (mas com mais erros ortográficos! :P), os problemas levantados por Margarida não diferem assim tanto dos que eu tinha na idade dela, se bem que os problemas quotidianos que eu tinha em casa, eram mais com o meu pai do que com a minha mãe. No entanto, algo parece que não bate assim tão certo... os valores passados pela mãe à filha, parecem ser bastante bons, até porque a miúda age de forma sensata, por vezes até demais para a idade, aos problemas que lhe vão surgindo, a mãe tem as dúvidas que acho normais numa mãe, o excesso de zelo é talvez o maior (e mais necessário), que deve ser evidentemente o maior de todas as mães do mundo, mas embora o discurso da mãe pareça lógico, tive a sensação que ela por vezes não vivia no mundo de hoje, fala das drogas, como se nunca tivesse conhecido ninguém que tivesse fumado uma ganza e refere-se à palavra ?curtir? desconhecendo totalmente o seu significado... se estivermos a falar dos meus pais, na altura em que eu tinha a idade de Margarida até entendo, mas se a mãe dela é uma mulher de 38 anos, será que está assim tão alheada do mundo que a rodeia? Se uma miúda de 14 anos, já sai à noite para discotecas com os amigos, algo então não está de acordo com o desenrolar da história, pois deu-me então a impressão que este seria um livro que representava a realidade nos dias de hoje numas coisas, mas completamente desfazado noutras. Isto é, quando eu tinha os meus 14 anos ainda não me era premitido sair à noite, o vocabulário usado por mim era totalmente desconhecido pelos meus pais, hoje os adolescentes saiem à noite, muitas vezes a partir dos 12 anos, mas o seu vocabulário é facilmente entendido por nós, pois nesse aspecto eles não diferem tanto daquilo que fomos na idade deles... Esta é talvez a crítica maior que posso fazer ao livro. Mas nestas páginas encontrei algo com que muito concordo: ?Os diários são uma coisa muito estranha, decididamente não deveriam nunca ser matéria-prima para uma biografia. As folhas dos momentos muito felizes e dos momentos muito tristes estão sempre em branco. Quando se está muito contente, há mais que fazer; quando se está muito triste, guardam-se as palavras dentro de nós, fingindo, tentando sempre fingir que não têm nada a ver connosco, e temos medo de as pronunciar, como se fossem um feitiço que, uma vez lançado, caísse sobre nós tornando a noite ainda mais escura.? Resumindo, este livro não nos entretem mais do que umas horitas, entre as brigas normais de família, as preocupações habituais dos pais, as ansiedades e paixonetas da adolescência, mas no final da leitura deste livro, fica talvez uma achega da relação a estabalecer com um filho adolescente e a recordação inevitável de quando éramos adolescentes e vivíamos todas as emoções a mil à hora, com muitos atropelos sentimentais e racionais pelo meio e sobretudo com um bando de hormonas meio destrambelhadas, sempre aos saltos. Ficou também a ideia que a família representadano livro pertencia a uma classe mais elevada do que a média, onde a conta telefónica que dá título ao livro, representa um abuso, mas pouco mais do que isso, pois não é um drama incontronável, de ser mais do que metade do ordenado médio da maioria dos portugueses... e no final saí-nos uma história inacabada, como se estas páginas tivessem sido realmente arrancadas de dois diários e não ficássemos a saber mais do que uma relação entre mãe e filha, no seio de uma família.
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