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O Homem, O Estado E A Guerra- Cps 2,4 E 6.
(Kenneth N. Waltz)

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Considerada a obra mais importante de Kenneth N. Waltz, juntamente com seu Theory of International Politics, obra de 1979, em que inaugura o realismo estrutural ? neo-realismo, O Homem, o Estado e a Guerra completa mais de cinquenta anos de história influenciando o pensamento das Relações Internacionais e da Teoria Política internacional. O Autor procura analisar as causas da guerra por meio de diferentes níveis de análise ou, como o mesmo denomina, por distintas imagens.
O segundo capítulo da análise de Waltz tem como hipótese que as principais causas dos conflitos internacionais estariam relacionados ao comportamento humano. Vejamos: ?(...) o local das causas importantes da guerra reside na natureza e no comportamento do homem. As guerras resultam do egoísmo(...). As outras causas são secundárias e devem ser interpretadas à luz desses fatores?[1]. Tal parágrafo nos permite afirmar, de forma geral, que mais do que em um raciocínio pragmático, a partir da Primeira Imagem, a guerra decorre do comportamento humano que seria fator fundamental para sua existência.
O autor, em contrapartida, argumenta que não podendo a natureza humana ser modificada não seria ela, assim, a chave para alcançar a paz. Nesse sentido, ressalta a ?ingenuidade? de determinados autores de linhas comportamentalistas e contra a ?falácia racionalista? que sugere a ?reorientação das mentes?, ou seja, a busca de uma paz constante através do melhoramento do caráter humano e de suas inclinações.
Waltz subdivide os teóricos que raciocinam a partir da perspectiva da Primeira Imagem em pessimistas e otimistas. Para estes, a bondade humana poderia se universalizada, trazendo consigo a paz. Os primeiros crêem ser a paz uma utopia, não acreditam na mesma como decorrência da mudança do comportamento humano, posto que este não seria mutável a tal ponto. Aqui, o autor tende a caminhar na direção dos pessimistas, como já ressaltado, no entanto, Waltz sinaliza que, se por um lado os pessimistas desconstruíram o argumento dos otimistas, não trouxeram uma alternativa com foco na natureza humana a fim de evitar a guerra.
A análise da Segunda Imagem proposta pelo autor tem como foco verificar de que forma o Estado pode influenciar de forma fundamental na tomada de decisões com relação ao surgimento de conflitos entre Nações. Aqui há de se acautelar o fato de que Waltz não está analisando o Estado com instituição singular[2], mas como o núcleo de um emaranhado de instituições que o compõe. ?Dizemos que o estado age quando queremos dizer que as pessoas dentro dele agem, da mesma maneira que queremos dizer que a panela ferve quando queremos dizer que a água que está dentro dela ferve.?[3]. Em última instância, a Segunda Imagem procura analisar de que forma as instituições internas influenciarão no processo de tomada de decisão externa.
A proposta principal aqui considerada então é a de que ?(...) por meio da reforma dos Estados, as guerras podem ser reduzidas ou eliminadas para sempre?.[4] O autor se vale da tradição teórica liberalista para expor o argumento e, ao mesmo tempo, refutá-lo. A proposta fundamental é que a fé na democracia, ou em qualquer tipo de organização das unidades que compõem o sistema internacional, levaria a dois tipos de posicionamento: o não-intervencionismo otimista de Cobden, Kant e Bright; e o intervencionismo messiânico, de Mazzini, Paine, Wilson e Bodin em menor medida.
Infere-se de ambas as posturas, no entanto, que a razão não seria suficiente para apontar aos Estados à busca da paz. Esta asserção é sustentada por Waltz através de uma com breve análise sobre o relacionamento entre o socialismo e a Primeira Guerra Mundial.
Com relação à Terceira Imagem, esta é disposta a partir da seguinte premissa fundamental: ?Com tantos Estados soberanos, sem um sistema jurídico que possa ser imposto a eles, com cada Estado julgando suas queixas e ambições segundo os ditames de sua própria razão ou de seu próprio desejo, o conflito, que por vezes leva à guerra, está fadado a ocorrer.A fim de alcançar um desfecho favorável nesse conflito, os Estados têm de confiar em seus próprios dispositivos, cuja relativa eficiência tem de ser sua constante preocupação?[5]. Em suma, este nível de análise se refere ao relacionamento entre Estados.
O autor vai buscar o pensamento de Rousseau aplicado à política internacional, segundo o qual o estado de natureza humano é o de conflito eminente devido ao alto grau de igualdade entre seus membros, e seria imperativo o surgimento do Estado para garantir os principais bens de cada indivíduo- a liberdade, a vida e a propriedade. Esta parece ser exatamente a tese delineada sobre a Terceira Imagem, qual seja, que os Estados se encontrariam em situação eminente de conflito, exatamente pela ausência a quaisquer instituições superiores de regulamento.
A guerra, portanto, é apontada pelo autor como conseqüência da anarquia internacional. Desta forma, a força estaria sempre presente para a solução de choque de interesses. Isto posto, o autor apresenta um posicionamento favorável à política de equilíbrio de poder, segundo a qual a ? (...) estratégia de todos depende da estratégia de todos os outros?[6] e, assim, lança as bases para o realismo estrutural ou neo-realismo.
Por fim, ressaltamos que o autor deixa claro que não há um relacionamento objetivo ou óbvio entre a anarquia do sistema internacional e um estado permanente de conflito. Tampouco, em sua visão, ?na anarquia, não há uma harmonia automática?[7]




[1] p.24

[2] Aqui, também ressaltamos a necessidade da reformulação da tradução para um melhor entendimento.

[3] P. 101.

[4] P. 105.

[5] P.198.

[6] P.248

[7] P. 230.



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