O Gosto Amargo Da Cereja
(JOE ROSA)
Escreva o seu resumo aqui.O GOSTO AMARGO DA CEREJA JOE ROSA O Gosto Amargo da Cereja trata da paranóia a que o ser humano está sujeito diante da possibilidade da contaminação por um vírus letal. Mais que isso, trata da fragilidade das relações. Embora sua trama esteja centrada na possibilidade de contaminação pelo HIV, o que interessa são as diversas e distintas reações provocadas pelo motivo da contaminação. É muito fácil o parceiro ou parceira chegar em casa e dizer que está com gripe, hepatite ou outra doença infecciosa, mas dizer que está com aids é bem diferente. Nesse caso a primeira preocupação do outro não será o estado de saúde, mas como contraiu o vírus. É nessa hora que a relação ficará exposta e se ela tem o seu calcanhar de Aquiles, é bem provável que tudo desmorone. Essa é a discussão colocada. O número de pessoas contaminadas pelos sentimentos provocados pela doença é bem maior que os números da própria doença. Mentes sãs em corpos sãos, aqui deixa de ser verdade. É importante perguntarmos se estamos buscando uma vacina para o espírito, na mesma proporção em que a medicina busca para a doença. Paulo, personagem central, volta pra casa depois de passar um ano no Maranhão fazendo pesquisa de campo para sua tese de doutorado em doenças tropicais. A viagem lhe serviu também para avaliar seu casamento que antes da viagem escorregava lentamente para aquela coisa chata e rotineira a que todos nos primeiros anos de casamento constatam. Quando se começa a fazer a pergunta: ?mas casamento é isso?? e a seguinte constatação: ?fulano ou fulana não é a pessoa tão maravilhosa como me parecia?, é sinal de alerta para que as peças sejam azeitadas e as coisas entrem nos eixos. Um ano longe da mulher lhe mostrou o quanto ela era interessante e importante em sua vida. Paulo mora na zona sul do Rio de Janeiro, casado com Cláudia, também médica, com quem tem um filho de três anos. Ao chegar fica sabendo que seu melhor amigo está com aids e se recusa a tomar o coquetel de medicamentos para combater a doença. Em visita ao amigo, indaga-lhe sobre a contaminação, querendo saber como se deu. O amigo diz que faz a mínima idéia, e que a última vez que transou sem usar camisinha foi numa festa em Piratininga. A trágica coincidência é que Paulo estava presente nessa festa e havia transado com a mesma garota. Ele e seu amigo propuseram sexo grupal para duas garotas na festa e elas toparam. Paulo volta pra casa, depois de visitar o amigo e convencê-lo a tomar os medicamentos, pensando na possibilidade de seu amigo ter contraído o vírus de uma das garotas e, nesse caso, ele também corria o risco de estar contaminado. Só que a leve suspeita, aos poucos, vai tomando ares de certeza gradualmente até que a paranóia sem controle se instala na cabeça de Paulo. O interessante é que o personagem é um médico, e por isso, dificilmente, constaria no rol das pessoas que entram em paranóia por desconhecerem a doença. Seu maior desespero nem é o fato de estar contaminado, de ter transmitido o vírus para sua esposa. E como ele contaria pra esposa o seu receio? Isso implicaria em confessar que participara de uma bacanal quando ela estava grávida de sete meses. E como continuar tendo relação sexual com a esposa depois de suspeitar que é soropositivo? Simples, é só usar a camisinha. Mas, com certeza, ela iria querer saber o porquê do uso de um preservativo que nunca usaram antes. Além da esposa tem os seus pais que são protestantes conservadores e puritanos. Qual seria sua reação. E a família de Cláudia? São esses os fatores que atormentam a cabeça de Paulo até o desespero total. Cláudia, a esposa de Paulo nem suspeita que seu marido passa por essa paranóia. Ela faz parte de uma equipe de médicos contratados pelo estado que dão assistência a famílias de zonas carentes de hospitais ou postos de saúde. Convive diiariamente com pessoas excluídas que passam todos os tipos de necessidades pelas quais passam os desfavorecidos numa sociedade injusta com toda a renda concentrada nas mão de poucos. Ela sai de manhã e passa todo o dia fora retornando só à noite. Repara que o marido começa a se comportar de maneira meio0 estranha e chega a perguntar se ele passa por algum problema, mas esse sempre se esquiva dizendo que só está preocupado com sua tese. Além de muito bonita, Cláudia é de um integridade exemplar tanto como profissional quanto esposa e mãe, o que só faz aumentar o sentimento de culpa de Paulo. Paulo se sente a mais abjeta das pessoas. Sabe que a sociedade não o perdoará caso esteja contaminado e tenha contaminado a esposa que sempre lhe foi fiel. Seu desejo é evaporar-se. Depois de buscar solução em igrejas carismáticas, cartomantes e, até mesmo, com pessoas que passam pelo mesmo problema e não encontrar uma saída plausível, decide que o suicídio é sua única saída. Como termina a história, bem, o leitor terá um dia a oportunidade de lê-lo e descobrir, seria até uma deselegância tirar esse prazer do leitor.
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