O Talentoso Mr. Rypley
(Patrícia Highsmith)
Ripley - herói do assassínio - é um homem como os outros, não tem características nenhumas especiais, é um testemunho do banal. A aparente falta de moralidade das personagens de Patrícia Highsmith - figuras elas próprias em quartos fechados - , fazem parte de um imaginário comum a toda a sua obra, são portadoras de incuráveis doenças, doenças sociais, doenças que se tornam mortais quando o social se torna psicótico, excessivo. A doença - em que o estranho não é o outro - o de fora, mas o de dentro - e que está implícita dentro de cada personagem, quer seja pela tensão da paixão, quer seja por uma doença mortal, simula todo um universo social de fechamento, cujas saídas não se antevêm. O exercício do talento de Mr. Ripley transporta-nos, a pouco e pouco, para dentro do seu universo de valores, um universo em que a alteração não é uma ficção, mas uma realidade, um ajustamento ao olhar de Ripley. Será um olhar distorcido? - uma realidade alternativa? - ou uma simulação de nós próprios na enormidade de valores indizíveis? Uma alteração - em que já não existe o como, quem, porquê ou, a existir não se coloca nos mesmos termos - visão de um universo concentracionário , que fecha as personagens dentro dos seus próprios enigmas, contrapondo-as a uma lógica irredutível de um mundo exterior - denota uma urgência, uma metamorfose, em termos da concepção de um universo maniqueísta. Há uma resistência a critérios da ordem do sim/não, ou da verdade/mentira - um limiar onde a linguagem e a imagem se tornam portadoras de si só, rebuscando em memórias, actualizando-se em tensões. Miss Pink
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