O Futuro Da Natureza Humana
(Habermas)
O FUTURO DA NATUREZA HUMANAO que devemos esperar moralmente com a biotécnica? O filósofo alemão Jurguen Habermas ficou conhecido na Europa, nos EUA e no Brasil em função da sua teoria da ação comunicativa. Um calhamaço de mais de 1000 páginas, publicado em dois volumes e mais acréscimos. Ele movimenta o ambiente filosófico agora com uma discussão sofisticada, baseada em sua teoria da ação, acerca das implicações das pesquisas genéticas para a integridade moral da espécie. Trata-se do livro O Futuro da Natureza Humana. SP, Martins Fontes, 2004. As terapias genéticas haviam posto à disposição dos seres humanos possibilidades regenerativas dos tecidos nunca antes vistas. Com a biotécnica, porém, estas possibilidades se amplificaram ao ponto de o próprio conceito de humano se ver ameaçado. Trata-se da disponibilização de uma técnica cientifica que reproduz seres humanos. Projetistas, os designers, com orientação de pais interessados, projetam seres humanos com todas as características orgânicas nossas conhecidas, porém previamente definidas. No século XX, A fisica neoclássica, com a exploração da energia atômica, pôs à disposição dos seres humanos uma estupenda capacidade de destruição com base na manipulação de energias nucleares, uma das forças de formação originárias do universo. O homem deu ali o primeiro passo para tornar-se um super-homem. Agora, a engenharia genética permite ao seres humanos brincarem de Deus, isto é, permite que a nossa própria natureza seja reproduzida de modo livre, contando apenas com nossa vontade e o nosso poder técnico-científico. Mas Habermas pegunta, perplexo: será que a disponibilização desta técnica de reprodução humana não afetará negativamente nossa auto-compreensão ética? Será que temos o direito de projetar seres humanos e, assim, privá-los de suas escolhas reais, uma vez que decisões genéticas, ao contrário de influências do meio, são irrevogáveis? O livro é leitura obrigatória para estudantes, filosófos e os familiarizados com as ciências humanas. Não é um livro para leigos. A sua importância está no fato de que o tema, tratado apenas por jornalistas e médicos, agora recebe uma profundidade de um filósofo que conhece de cabo a rabo a tradição filosófica do ocidente e é figura central nas discussões sobre pragmatismo, marxismo e a tal da linguistic turn, a virada lingüística da filosofia contemporânea. Assim, além da responsabilidade costumeira, Habermas empresta ao tema das pesquisas genéticas um tom ético extremamento profundo e pertinente. É só saborear.
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