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O Enigma Do Espelho
(Jostein Gaarder)

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Jostein Gardner, escritor norueguês, andou pelos ?olhos do mundo? quando publicou o romance filosófico ?Mundo de Sofia?, que teve um sucesso imprevísivel, tendo sido traduzido para 53 línguas, com mais de 26 milhões de cópias impressas. E o mais engraçado é que descobri que existe o filme deste romance filosófico, será que chegou a Portugal??? Não faço ideia, mas não me recordo de ter ouvido falar dele...

Bem, mas é de outra obra do mesmo escritor que vos quero falar, nomeadamente do ?Enigma do Espelho?, que curiosamente tem o título de ?Através do Espelho? na edição brasileira, que seguiu a receita de sucesso do seu livro antecedente.

Quem gostou do ?Mundo de Sofia?, aqui encontra precisamente o mesmo estilo literário, de forma descontraída e sem demasiadas pretensões, são debatidas as características humanas por oposição às de um anjo, creio que imaginado por uma criança que tem pouco tempo de vida e que se debruça sobre as pequenas-grandes coisas da vida, de forma a poder desfrutar delas antes que a sua doença a transforme também num anjo de Deus.

Por mera coincidência a acção começa a desenrolar-se na época natalícia e Cecilie, encontra em Ariel um anjo da guarda, que quer saber mais acerca das experiências humanas e em troca lhe confidencia alguns segredos celestiais.

Numa conversa que se desenrola por todo o livro, Ariel diz a Cecilie o que é ser anjo, onde os ?sentimentos são colocados a nú de forma divertida e até ingénua, como se desse a entender que nós não ?pensamos os sentimentos?, coisa que geralmente não acontece mesmo, pois só nos damos conta dos sentidos, quando ficamos incapacitados deles.

O anjo pronuncia argumentos como Tocar numa bola de neve é para nós a mesmíssima coisa que agarrar num pensamento.

Posso adiantar-vos algumas questões e teorias engraçadas que surgem na sua leitura, como:

1.Como é possível uma coisa magoar tanto, a ponto de tornar-se agradável.

2.Os pensamentos não sentem o que pensam.

3.Nem sempre compreendemos o que criamos (a propósito da criação de Deus).

4.A importância dos diferentes sentidos e o que nos premitem conhecer.

5.Os vários modos de ?ver?.

6.A visão é o ponto de encontro entre a matéria e o pensamento.

7.A importância do cinco sentidos.

8.A possibilidade de um sexto sentido.

9.A fruição do pensamento, da memória e dos sonhos durante o sono ? explicação que aliás é tão rica em metáforas, que faz com que nos sintamos enriquecidos com ela, simples mas tão proveitosa.

10.A possibilidade de existir alma e desta ser imortal.

Todas as questões são deliciosamente colocadas no diálogo de Cecíle e Ariel, onde por vezes este se manifesta impaciente, com o facto da menina ter dificuldade em acreditar na sua existência e com a sua incompreensão perante a sua insensibilidade, onde os sentidos apenas são algo que os humanos podem possuir. Explicar a um anjo a sensação de pegar numa bola de neve, o sabor de um simples bolo de canela ou do cheiro oriundo de um árvore, não é tarefa fácil, assim como para o anjo é complicado fazer crer a Cecílie que não precisa de comer, que para ele não existem paredes e que para voar não é preciso ter asas.

À medida que o livro avança, o diálogo torna-se mais intenso e mais interessante, por vezes, faz-nos soltar uma leve gargalhada, pois a pureza que o autor nos consegue transmitir é deveras comovedora.


Longe de ser o ?Mundo de Sofia?, temos no entanto, nesta obra uma bonita história sobre como devemos aproveitar as coisas que a vida nos oferece, sem entrar na lamechice de estarmos a morrer, até porque me parece que nesse ponto, Cecilie pensa como qualquer adulto, afastando o tema ?morte? da sua consciência e iluminando o tema ?vida?, alimentando-o com memórias e questões essenciais. Tal como já referi, este livro gira então à volta de questões como o nascimento e o que está por ?detrás do espelho? onde Tudo o que se relacionava com nascimentos se distanciava o mais possível do Céu.

É uma história simples, poética, mas no meu ver apresentar algumas incongruências sobretudo no que diz respeito ao discurso proferido pelo Anjo, em que se tenta, por uma lado opor-se aos humanos, mas que por outro lado tem atitudes, pensamentos e ?sentimentos?, ainda que negue tudo isso, muito à nossa semelhança, que se incompatilizam com o seu diálogo. Mas não podemos deixar de ver que isto é sobretudo um conto para crianças, mas em que determinadas partes nos emociona, devido à doença da menina e ao sofrimento que subtilmente os pais manifestam.

Outra coisa que também me desiludiu face ao ?Mundo de Sofia? foi o facto da origem de todas as explicações estar invarialvelmente ligada a Deus, não conheço as motivações religiosas do autor, mas penso que filosoficamente entrar por este campo, não traz muita riqueza à filosofia em si, embora ela se toque obrigatoriamente com a religião. Penso que podia ter aproveitado a história de outra forma.

Resumindo, é um livro que se lê bem, não exibe a riqueza do ?Mundo de Sofia?, nem nada que se pareça, mas ainda assim é um livro de leitura fácil, carregado de metáforas poéticas que nos emocionam umas vezes e nos fazem sorrir outras tantas, além disso acho-o ideal para oferecer a uma criança, pois é a elas que ele se dirige, com uma leitura cativante e algumas questões para as fazer pensar.



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