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Da Vinci Espinosista.
(Cassiano Ribeiro Santos)

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O Senso-comum possui uma precisa definição de liberdade: como definir significa estabelecer limites (de fins), ele afirma com propriedade que a sua liberdade termina quando começa a minha! Seja um eco enfraquecido do velho liberalismo europeu, seja uma ensurdecedora ressonância de feirantes disputando um lugar para vender seu peixe, esta máxima possui a inconveniência de atribuir aos indivíduos a liberdade quando, a um olhar mais largo, ela se explica melhor em coletividades e formações sociais; vejamos um exemplo: dois prisioneiros cumprem pena em uma ilha a cem quilômetros do litoral. Sonhando com a liberdade, cada um deles constrói um barco; logo descobrem que a capacidade máxima de cada um só lhes permitem remar cinqüenta quilômetros. Suas liberdades individuais são nulas ou, na melhor das hipóteses, são livres para morrerem em alto-mar! Se remarem juntos, entretanto, conquistarão a liberdade como uma expansão coletiva dos limites (uma definição genética, à moda espinosista). Convêm lembrar, nesse nosso parco exemplo, que, enquanto se revezam nos remos, nenhum dos dois prisioneiros possuem, propriamente, a liberdade que resulta exclusivamente de uma fusão e não apenas de uma soma extra-partes. A liberdade de uma coletividade não se fraciona em pequenas liberdades individuais e costuma ser experimentada apenas no seu grau como uma carga elétrica que percorre todo um circuito onde as partes estão bem conectadas. Leonardo Da Vinci, em algum lugar da sua obra, dizia: Se todos tivessem liberdade, talvez ninfuém soubesse o que era isso! Provavelmente ele se referia à nulidade da liberdade pensada exclusivamente em termos egoístas ou individuais.
A FLECHA DO TEMPO - Com imprevisível raridade me ocorre lembrar uma cena do passado que se apresenta não somente com a imagem específica mas também com o registro cumulativo de todas as vezes que esta imagem invadiu, inadvertidamente, a minha consciência. Sempre que isso acontece, seja qual for a imagem ou a circunstância, eu me recordo de todas as vezes em que se deu tal reminiscência e, embora simultânea, posso analisar a sensação em termos numéricos ainda que não consiga datar os momentos precisos desta série acumulada e ordinária de lembranças: temos somente o pressentimento do fio invisível do tempo atravessando-as. A lembrança em questão a inspirar este apontamento é uma cena da minha travessa infância: eu possuía uma espingarda de ar-comprimido e tive um dia uma idéia luminar. Apanhei uma grande agulha de sapateiro e nela enfiei um fio de nylon com cerca de dois metros de comprimento, uni as extremidades e dei um nó como um bom costureiro. Enfiei a agulha com o fio dobrado no cano da espingarda e posicionei-me na janela à espreita dos bandos de pardais que esvoaçavam no quintal. Segui com a mira da arma um bando numeroso que passava estridente e quando percebi muitos deles perfilados..., disparei. A agulha atravessou sete pardais que caíram mortos e alinhados no fio de nylon. Não sei se o número de pardais era exatamente este ou se, a cada vez que recordo esta cena, a imagem de um único pardal se aprisiona e se repete no fio do tempo que a atravessa inúmeras vezes...

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