General Humberto Delgado
(Manuel Augusto Dias)
O conhecido General sem Medo nasceu no dia 15 de Maio de 1906, há, portanto, 100 anos. Ele foi um dos maiores lutadores pelo fim do regime salazarista, evidenciando uma coragem que lhe custou a vida.Humberto da Silva Delgado nasceu no lugar de Brogueira, em Torres Novas (Ribatejo). Aos 16 anos de idade entrou na Escola do Exército, concluindo, com apenas 19 anos, o Curso Militar. Em 1926, participa na Revolução do 28 de Maio, que pôs fim à Primeira República e iniciou uma Ditadura Militar que haveria de abrir caminho à implantação do Salazarismo. Mas, nessa altura, ninguém podia adivinhar ainda a direcção política que o regime iria tomar.Durante vários anos apoiou as posições oficiais do regime salazarista, particularmente no que toca ao seu carácter anticomunista. Entre 1951 e 1952 chegou mesmo a exercer as funções de procurador da Câmara Corporativa.No ano de 1952 foi nomeado Adido Militar em Washington, onde se manteve até 1957. A sua personalidade e formação e o seu convívio com um país de vida política democrática certamente que lhe deram outros horizontes mentais que não serão estranhos à conduta política que daí para diante sempre patenteou. O regime de Salazar é que não se podia aperceber dessas mudanças, senão nunca o teria promovido a General, no ano seguinte (1953), tornando-o, assim, no mais novo General das Forças Armadas.Em 1958 foi ano de eleições presidenciais, e o General Humberto Delgado tornou-se Candidato à Presidência da República. Todos os oposicionistas estiveram ao seu lado, a multidão citadina saiu à rua para lhe provar o seu inequívoco e esperançado apoio, mas as estruturas repressivas e controladoras do regime não permitiram a sua vitória. Os resultados, fraudulentos, deram a vitória ao candidato do regime.Durante a Campanha Eleitoral ao ser entrevistado por um jornalista acerca do que faria com Salazar se fosse eleito Presidente da República, respondeu assim: Obviamente, demito-o!Os principais pontos do seu programa eram os seguintes: 1º. - Pacificação da família Portuguesa, pela execução de medidas concretas como a reintegração de funcionários afastados, amnistia a todos os presos políticos ou indivíduos abrangidos por medidas de segurança.2º. - Revogação dos decretos que suspendem o artigo 8º. da Constituição, designadamente ... liberdade de expressão ... direito de associação e reunião, garantias de não ser preso sem culpa formada, inviolabilidade de domicílio, etc.3º. - Promulgação de nova lei eleitoral e organização de novo recenseamento, a fim de serem realizadas a curto prazo eleições gerais.4º. - Moralização dos costumes políticos e da administração publica. Não admira, por isso, que em 1959 fosse suspenso e demitido das Forças Armadas. Refugia-se na Embaixada do Brasil e, mais tarde, pede exílio ao País irmão. Mas, mesmo ausente, continuará a lutar até à morte, pelo fim do regime totalitário do Estado Novo Salazarista.Dois anos depois (1961) assume responsabilidades pelo assalto ao Santa Maria; a seguir, participa na Revolta de Beja; em 1962 é julgado pela implicação no assalto ao Santa Maria; no ano seguinte instala-se no Norte de África (Argélia) donde assume a chefia da Junta Patriótica de Libertação Nacional (JPLN); em 1964, funda a Frente Portuguesa de Libertação Nacional (FPLN) e, em 1965, termina subitamente a sua luta, que era também a esperança do povo português, ao ser assassinado pela PIDE, que, ardilosamente, o atraiu a Villanueva del Fresno, nos arredores de Olivença, onde o alvejou mortalmente a tiro.Em 1990, 16 anos após o 25 de Abril foi promovido, a título póstumo, a Marechal da Força Aérea.
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