Resumo de Fogo Nas Entranhas - Pedro Almodóvar

Fogo nas Entranhas é uma história do tamanho de um filme de Almodóvar.
Daquelas histórias que você jamais esquece que leu. Primeiro pelo
tamanho do livro, com capítulos curtos e diretos. Segundo pelo grau de
envolvimento de quem lê: é impossível parar no meio do caminho e
continuar no dia seguinte. Uma história deliciosamente sacana,
pornográfica.
Começa com quatro mulheres: Eulália, casada, mas vive infeliz a evitar
sexo com o marido; a jovem Flor, sua filha; a septuagenária empregada
Isidra, que não vê a hora de completar cem anos para que os homens
finalmente a deixem em paz; e Raimunda, sua neta, uma mulher de 35 anos
que, depois de desistir da carreira de freira aos 30 só consegue
emprego numa fábrica de absorventes do mulherengo chinês Chu Ming Ho,
com o qual tem um caso que não dura.
No dia do casamento de Raimunda com Júlio, Ming se mata por desilusão, não sem antes
avisá-la por telegrama. Em seu diário, registra que finalizou a
fabricação de seu revolucionário absorvente higiênico para todos os
dias do mês. Deixa sua fábrica de herança para todas as ex-amantes,
inclusive Raimunda, além de promover seu último invento com a
distribuição gratuita do novo absorvente por uma semana a todas as
mulheres.
A partir daí, toda a cidade começa a presenciar cenas estranhas de
mulheres incontroladas a sair às ruas em busca de sexo selvagem. Até
Isidra, ao levar café da manhã para Roque, marido da frustrada Eulália,
não resiste à ereção matinal do patrão, transa com ele e foge de casa
logo em seguida, deixando Raimunda perplexa.
O mundo parece estar ficando louco: mulheres começam a sair às ruas
dispostas a tudo para ter sexo e Madri inteira se perguntava: seria
alguma contaminação da água? Um novo ataque do ETA? O ministério da
saúde espanhol também se desdobrava em esforços para entender aquele
estranho e repentino comportamento feminino. Enquanto isso, Raimunda
notara apenas que havia um absorvente do ex-amante suicida faltando no
pacote gratuito que mantinha em casa.
O ponto alto da história acontece quando Raimunda e Júlio vão jantar na
casa do ministro da saúde, com a intenção de discutir o problema que
assola a Espanha. Enquanto Júlio vai ao banheiro, Consuelo, mulher do
ministro, insiste desesperadamente em fazer sexo com o marido na sala
de jantar antes de servida a refeição. No banheiro, Júlio tenta
desesperadamente se desvencilhar das duas filhas do ministro que,
raivosas, o violentam. Depois de muita luta e de amarradas as filhas e
a mulher do ministro, Raimunda e o ministro encontram pacotes do
absorvente nos quartos. Não restava mais nenhuma dúvida de que o
falecido Ming era o responsável por toda aquela confusão.
A emoção e confusão são intensas do início até quase no fim, fazendo o
leitor rir despudoradamente sozinho, com a forte sensação de estar
assistindo uma comédia pornográfica. A novela termina exatamente como
nos filmes de Almodóvar, de forma amena, como se tudo não tivesse
passado de um breve incidente, com as personagens, quase indiferentes,
indo dormir numa paz tranqüila.

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