Será Que O Viagra Resolve?
(ANita Matos)
Será que o Viagra resolve? Lênio e Hanna duas pessoas que se conhecerem através de uma ligação telefônica por engano. Um dia Hanna atendeu uma ligação no seu celular de alguém procurando por Carlos. Ela, educamente, informou ao emissor que se enganara. Essa pessoa era Lênio. Hanna informou que aquele celular era dela e não conhecia nenhum Carlos. Ele, muito gentilmente, pediu desculpas e desligou. No dia seguinte, a mesma pessoa liga e se identifica dizendo ser a pessoa, que no dia anterior, tinha ligado, mas naquela hora ele estava ligando para ela mesma, pois a achou uma mulher muito gentil e educada; indagou o nome e também lhe perguntou se ele estava sendo inconveniente, afinal ela não o conhecia ainda. Ela retrucou: - Por que ainda? Ele respondeu que tinha a curiosidade de conhecê-la pessoalmente. Assim, a partir daquele momento ambos se tornaram fãs de carteirinha um do outro. Mas, só por telefone. Lênio era separado, tinha um filho, tinha o corpo tipo atlético, moreno de cabelos pretos e de olhos castanhos claros, braços e peito bem peludos, um rapaz bem apresentável e bem atraente, todavia intelectualmente deixava um pouco a desejar: não empregava a variedade padrão lingüística. As letras eram rabiscos, bem primárias. Contudo, apesar da ignorância intelectual, possuía uma habilidade muito carinhosa no tratar a mulher, mostrando-se muito compreensivo e atencioso que cultivou e deixou Hanna bastante atraída. Lênio trabalhava em uma empresa de engenharia, na qual exercia a função de segurança. Hanna era fisioterapeuta, uma mulher também separada, mãe de duas meninas, muito educada, carismática, sempre solidária aos amigos. Gostava muito de dançar, passear, conversar, demonstrava ser uma pessoa bastante feliz, muito sorridente; todavia carinhos e afeto lhe faltavam e, de alguém para fazer jus aos sorrisos largos e abertos os quais sempre contagiavam seus colegas e amigos. Depois de muito tempo de conversa via telefone, os dois resolveram se conhecer pessoalmente. Aproveitaram para marcar o encontro onde aconteceria, no final de semana seguinte, uma grande competição de regatas. Era em um lago rodeado de muitas árvores frondosas, um lugar turístico da localidade. Chegado o dia, corações a mil, ansiedade à vista, hora que nunca chegava para finalmente um estar de frente para o outro ao vivo e em cores. Onze horas em ponto. Lá vai Hanna em direção ao local marcado. Olha para todos os lados e não ver ninguém com a descrição acertada; nem roupa nem porte. De repente o celular dela toca. É ele dizendo: - Estou perto de você, é só olhar para trás. Quando Hanna se virou, se deparou com uma figura bastante atraente e simpática. Abraçaram-se, beijos na bochecha e largos sorrisos. Caminharam em direção ao evento a fim de arranjar um lugar para sentar e conversar tudo que não foi dito por telefone. Como não tinha bancos na praça para sentar, se dirigiram para umas árvores, que ficavam ao redor do lago, pois faziam belas sombras. Sentaram na grama e cada um revelou seus problemas, seus gostos, enfim suas intimidades. Tomaram sorvetes, beberam água de coco, comeram salgadinhos etc. E pronto! Confiança instalada. Marco de uma promissora amizade ou quem sabe... Um novo amor entre ambos. Acabado o evento, cada um para seu canto, com promessas de outros encontros, jantares, almoços e até uma prainha aos domingos. E assim, a amizade estava indo de vento em polpa. Até que um dia, Lênio pediu a Hanna para serem namorados, já que os dois estavam intensamente ligados. Hanna topou. O casal vivia como dois adolescentes descobrindo o amor; o namoro à moda antiga. Andavam de mãos dadas, iam às pracinhas para conversar, jantavam, almoçavam fora; trocavam apenas alguns beijinhos bem comportados. Nada de falar sobre sexo. Uma das coisas que mais Lênio cativou Hanna, era dele não apelar para o sexo, mas ela não achava muito normal, pois a maioria dos homens, quando conhece uma mulher são bastantes apelativos nesse sentido. Mas... tudo bem; o queela queria e necessitava era daquela companhia tão sadia e amiga para todas as horas. Passado alguns meses, Hanna se inquietou e perguntou a Lênio se ela não o atraía como mulher. Ele positivamente disse que sim. A partir dessa conversa, acertaram passar uma tarde em um lugar em que pudessem ficar a vontade. E assim foram a um hotel discreto e bem aconchegante. Chegando lá, sentaram, conversaram e começaram os carinhos e o indispensável ritual de uma ?caliente? intimidade. Para surpresa e decepção de Hanna, em meios aos amassos, Lênio liga a televisão e pede para assistir um programa - não era filme erótico. Simplesmente: ele não conseguia ereção. Dizia que era por causa da camisinha. Hanna compreendeu, fez o máximo para levantar ?a moral? do cidadão. Mas... até hoje ela não sabe o motivo desse não comparecimento, cuja falha se deu por outras vezes. Hoje Lênio e Hanna são amigos via telefone, nada mais íntimo - Assim não dá, né? Será que o viagra resolve? Só faltou isso. Anita Matos
Resumos Relacionados
- O Leitor
- O Leitor
- Curando Heridas
- As Memórias Do Livro
- Irmãs De Sangue
|
|