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O Presépio
(Heloisa Prado)

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O PRESÉPIO


Com meses de antecedência, foi apresentado à Prefeitura, o projeto de um presépio vivo para ser encenado na cidade do Rio de Janeiro, no Aterro do Flamengo. O mega evento pretendia superar os apresentados em outras ocasiões. Na data marcada, dois dias antes do Natal, o espetáculo estava preparado, não faltava nada.
Na baixada, uma família se prepara para pegar o trem da Central e participar do evento no Centro da cidade. Levam o lanche reforçado pois pretendem assistir tudo até o fim. É um dia especial. José, que casou com Maria, aproveitando a coincidência, deu o nome de Jesus ao seu filho hoje com oito anos. Ela e José fazem de tudo para dar ao menino a melhor educação. Jesus é uma criança meiga e tímida, tem uma inteligência excepcional. É a primeira vez que Jesus vai a uma festa com tanta gente. Fica encantado com o cenário, as luzes, as pessoas. O Aterro tomado de gente encanta, e o palco a céu aberto durante o entardecer é deslumbrante para Jesus.
_ Fique sempre de mão dada para não se perder de nós. ? José explica para o filho.
Um grupo de meninos de rua cheira cola e aterroriza as pessoas no calçadão de Copacabana com suas aparências sujas e ameaçadoras. As agências de turismo alertam para que o cuidado seja redobrado, porque com a proximidade do Natal eles sempre fazem uns ?extras? atacando transeuntes na orla. No meio desse grupo tem um garoto apelidado de ?Jesus? porque é bonzinho: reparte suas coisas, guarda comida para uns, ajuda outros, ele deve ter uns seis anos. Ninguém sabe de onde ele é, apenas que apareceu ali. ?Jesus? ganhou muito presente. ?Bad? detesta ?Jesus? porque ele sempre ganha mais, e nas escolhas é ele quem sempre faz primeiro. No dia do espetáculo no Aterro, os meninos do grupo se desentendem com ?Jesus? e tomam tudo que ele tem deixando-o nu na areia da praia. Envergonhado fica ali chorando sem poder assistir ao show do presépio que tanto queria.
Num condomínio de luxo da Avenida Atlântica, a portaria exibe um presépio lindo. As pessoas que passavam por ali paravam e olhavam a obra de arte. Na manjedoura o menino Jesus em porcelana dava o ar de preciosidade à peça. Numa distração do porteiro desaparece o menino Jesus da manjedoura. A polícia foi chamada porque essa peça pertence a um morador do prédio, colecionador de obras de arte e que havia emprestado para ornamentar a portaria.
No espetáculo, já acontecendo o ato onde Maria vai para o estábulo dar à luz a Jesus, o assistente faz sinal de que o bebê que faria o papel do menino Jesus não estava ali para entrar em cena.
_ Cadê a mãe com o bebê?
_ Não sei, ela estava aqui e sumiu.
_ Pelo amor de Deus, me arrume um boneco, improvise. Todos vieram aqui pra ver o nascimento de Jesus.
Chega o instante e nada. Não tem substituto. A TV está transmitindo ao vivo.
A atriz que faz o papel de Maria fica calada e todos em expectativa aguardam.

A síndica do prédio de luxo, fingindo dar uma conferida na ornamentação da portaria, rouba o menino Jesus de porcelana escondendo-o na bolsa de palha. Desejava incriminar o porteiro para mandá-lo embora por justa causa e não pagar seus direitos. Foi denunciada por um apreciador do presépio que filmava de dentro do seu carro em frente ao prédio.
O menino nu, na areia da praia foi levado para cear com um casal que não tinha filhos e que pensava em adotar uma criança carente.
O tímido Jesus da baixada, por engano foi arrastado por outra mulher que se deu conta e procurou seus pais dez metros à frente desfazendo o mal entendido e evitando o pânico.
Um homem apareceu do nada e com o microfone na mão, diante de uma platéia de milhares de pessoas parece que vai dar uma notícia ou uma explicação. Ninguém o conhece, sequer os atores, a equipe técnica, o público.
_ Não tem Jesus pra nascer.
Silêncio.
_ Já imaginaram se Jesus não nascesse? Aqui não haveria esse espetáculo, o Natal não teria razão de ser. Por que Jesus nasceu? Pra dar acada um razão pra fazer de sua vida um espetáculo. Ele nasceu para ser o caminho, a verdade e a vida e fora Dele e sem Ele tudo é triste, trevas e morte. Reflitam sobre isso. Deus é bom e a misericórdia Dele é a razão de não sermos consumidos. Fiquem na Paz.
O homem sai e aparece o bebê na manjedoura chorando.
Aplausos. Choro. Exaltação. A platéia veio a baixo.
Ninguém soube se a fala fazia parte do espetáculo.
Feliz Natal!



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