Opus Dei - Os Bastidores
(Dario Fortes Ferreira; Jean Lauand; Márcio Fernandes da Silva)
Escrito por ex-numerários, uma das classes principais desta organização católico romana, o livro enfoca história, testemunhos e análises da ?Opus Dei? (Obra de Deus), organização fundada pelo espanhol José Maria Escrivã. Os autores fazem uma descrição detalhada de como funciona a organização, quais as suas origens, como fazem para conquistar novos adeptos, como trabalham para manter tudo sob um estrito controle. O tom do livro é de denúncia, buscando mostrar que de forma sorrateira é imposto sobre os numerários, isto é, membros que vivem somente em função da Opus Dei, um regime absolutista que os transforma em marionetes. São muitos bem documentados em suas afirmações, não fazendo acusações gratuitas ou infundadas. O livro mostra a Opus Dei como uma organização à parte dentro da própria Igreja Católica Romana. Geralmente se julgam superior aos demais católicos devido ao tom ultra conservador do trabalho. A discrição com que trabalhou ao longo dos anos fez dela uma organização bastante invisível, mas segundo eles, bastante influente dentro do catolicismo. Os problemas a ela ligados só vieram a tona por causa do livro de Dawn Brown ?O Código de Da Vinci?, que em sua ficção transforma a Opus Dei em uma organização vilã. Como resultado, muitos dos ex-membros resolveram se manifestar, criando inclusive o site opuslivre, onde muitos contam suas experiências com a organização, geralmente não muito boa. No geral, classificam a Opus Dei como uma seita, não tanto pelo seu conteúdo doutrinário, mas pela sua forma de trabalhar. Atraindo jovens com atividades culturais e sociais, vão envolvendo os mesmos lentamente, criando vínculos com eles, pondo-os em contato com padres da Opus Dei. Em determinado momento convidam o indivíduo para ?apitar?, termo próprio que significa consagrar-se completamente à organização. Falam de vocação e insistem que o mesmo deve abraça-la. Ele torna-se então um numerário, doando tudo para a Opus Dei e fazendo voto de obediência e castidade. Vem então morar na obra, quando de fato começa a conhece-la por dentro. Internamente vive uma disciplina rigorosa, onde tem que cumprir todas as disciplinas espirituais, confessar regularmente a menor falha que tenha cometido, trabalhar em vendas da Editora Quadrante (pertencente a Opus Dei) e o mínimo sinal de discordância em qualquer ponto é fortemente criticado e apagado. Toda correspondência, tanto enviada quanto recebida, por carta ou e-mail, é cuidadosamente monitorada. Os casos de violação de correspondência são usuais. Acusam a Opus Dei de uma forte linguagem manipuladora que tem o intuito de esconder seu verdadeiro objetivo que é o poder. Discorre amplamente sobre a polêmica com o livro Dawn Brown, que embora seja uma ficção faz referencia ao trabalho. Ainda que não tenha muitos adeptos no mundo, sua influência todavia é grande. No Brasil a obra chegou no final da década de 1950 e foi crescendo lentamente. Seu principal ponto de recrutar novos adeptos seria o colégio Camaratã, em São Paulo, onde aconselham os supernumerários, geralmente pessoas ricas que sustentam a obra, a colocar seus filhos. Ali eles vão em busca de novos adeptos. Outro nome que veio a baila foi o de Carlos Alberto Di Franco, professor de ética jornalística da USP e articulista do jornal Estado de São Paulo há vários anos. Ele foi um dos primeiros a criticar O Código de Da Vinci na imprensa. O que os autores fazem questão de mostrar é que o próprio Di Franco é numerário da Opus Dei, embora goze de mais liberdade do que os numerários comuns, sem a obrigação de dar satisfação de seus atos à organização. Terminam o livro com uma análise do futuro da Opus Dei com bastante pessimismo. Apontam as mudanças necessárias para a mesma, mas não alimentam qualquer esperança de que estas mudanças venham a acontecer. Comentam sobre processos que muitos ex-numerários poderiam ter movido à obra, mas que preferiram se afastar e calar-se a cerca desta. Ainda comentam o mandamento de Cristo de ?não julgar? diante de toda essa situação. É sem dúvida um livro denúncia de grande peso, tanto pela sua precisão nas informações quanto pelo valor dos testemunhos, uma vez que seus autores fizeram parte da Opus Dei.
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