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Vidas Secas -2prt
(anabordin)

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Capítulo 8: Festa
Fabiano
e sua família foram passar o natal na cidade. O aperto das roupas e o
desconforto causado pelos sapatos que eram estreados, juntamente com a
sensação de ridículo que sentiam por estarem dentro de roupas que não
eram de uso comum para eles comprometia a felicidade daquele momento.
Felicidade que chegaram a sentir com a sensação de serem pessoas
normais.
Na
hora da missa, Sinhá Vitória tentava adquirir um vínculo positivo com a
situação, tentava participar da cerimônia já os meninos estavam tomados
pelo medo. Desolados viam os pais menores do que os santos, menores e
mais insignificantes do que já eram, tão menores que aquela gente da
cidade, e era tanta gente, tantas coisas novas. Cochichavam as tantas
descobertas. Sentiam-se como selvagens, bichos do mato. Sentiam-se como
Fabiano se sentia, preso, igual a quando estivera na cadeia. Resolveu
então ir à bodega do Seu Inácio. Lá, bebeu, procurou briga, desafiou
todos, sem obter resposta. Nem ele nem suas intrigas importavam para os
outros. Humilhado, voltou para perto da família para agüentar aquele
desconsolo de festa.
Capítulo 9: Baleia
Baleia
ficou doente. Seus pêlos caíram, as costelas apareciam na pele rósea,
onde manchas escuras convertiam-se em pus e sangravam. As chagas
cobriam-lhe a boca de inchaço.
Fabiano
resolveu matá-la, Sinhá Vitória achou precipitado, afinal, não estava
louca. Fabiano achava que era hidrofobia, por isso não havia escolha.
Os
meninos foram levados para dentro. Fabiano chamava a cachorra. Os
meninos se desesperaram: vão bulir com a Baleia, não é mãe?!
Fabiano
alcançou a cachorra perto do alpendre, estava irritado com a situação.
Atirou. A carga atingiu a pata traseira de Baleia. A cachorra saiu de
pernas tortas, arrastando-se em três delas para detrás de uma moita de
espinhos. Sua consciência sumia-lhe. Era tarde. Precisava descansar.
Com
um enorme esforço, tentava vencer o nevoeiro que tomava conta dela. A
muito custo abriu os olhos e viu em sua frente Fabiano segurando um
objeto ameaçador. Pensou em mordê-lo, mas como podia, depois de ter
passado a vida toda na obediência, juntando o gado a um só sinal de seu
dono. Ela pertencia a ele. Sabia disso.
Foi
então que reparou em todos aqueles bichos soltos. Já era de noite, já
era alucinação. Estranhou a ausência dos meninos. Tudo era uma noite de
inverno, fria, gelada, nevoenta.
Ela
queria dormir ali entre a cozinha e o alpendre, na pedra quente do
fogão. Amanhecendo, acordaria feliz, lambendo a mão de um Fabiano
enorme, as crianças rolariam com ela em um pátio imenso, o mundo
ficaria cheio de preás, gordos, grandes, o nordeste seria um campo
verdejante, cheio de árvores e bichos. Tudo seria diferente.
Capítulo 11: Contas
Fabiano
foi até a casa do patrão para receber seu pagamento. O patrão
apresentou-lhe cálculos que eram muito distintos daqueles que Sinhá
Vitória havia preparado. Era tão pouco e injusto. Fabiano, de impulso,
reclamou, proferiu com blasfêmias. O patrão tentou justificar-se
dizendo que contavam-se ali os juros pelos empréstimos antecipados.
Provavelmente, os cálculos estavam certos.
Fabiano
aceita a explicação, gente como o patrão não ia ter motivos para
prejudicá-lo. Ele sempre fora respeitador e honesto, o patrão devia de
ser também.
Porém, o sonho de se firmar naquela fazenda destorcia-se. A idéia de permanecer ali era abalada por uma ameaça, seria demitido?
Fabiano revolta-se. Por que tinha de ser sempre aquilo?!
Capítulo 12: O soldado Amarelo
Passado
um ano de sua injusta prisão, Fabiano reencontra-se com o soldado
amarelo perdido pela caatinga. Tinha nas mãos a chance de se vingar.
Uma facada e ele mandava aquele sujeito para outro mundo. Aquilo era um
covarde, se aproveitava da farda e da autoridade. Fabiano respeitava a
lei. Por isso deixou aquele mulambo ir embora vivo. Fabiano possuía
princípios.
Capítulo 13: O Mundo Coberto de Penas
A
presença das aves de arribação representava a aproximação da nova seca.
Fabiano tentava espantá-las atirando-nas, porém, em vão.  Era a luta
contra o destino, contra sua natureza cruel. Sua sina só era comparável
à sina de Baleia. Uma desgraça total. Ao pensar no dono da fazenda e no
soldado amarelo, Fabiano ficava à beira da loucura. Ele era um homem,
ou antes um cabra safado. Se não fosse teria entrado para o cangaço.
Tinha feito miséria. Tinha matado aquele fazendeiro injusto e aquele
soldado desumano. Mas ele era um cabra safado. Voltou então para casa
impotente e fraco.
 
Capítulo 14: Fuga
Com
a nova seca, Fabiano juntou todas as coisas, a sua família e seguiu
caminho. Mais uma vez estavam de mudança. Retirantes. Como as aves de
arribação. Como bichos. Não tinham escolha. Recordavam-se da Baleia.
Desconsolados, fugiam de madrugada. Era bom evitar o confronto com o
patrão. Aquilo não era humano. No caminho o passo tinha de ser intenso.
Seguiam: Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho, o menino mais
novo. Para onde? Eles não sabiam. Sabiam que tinham que prosseguir.
Estava escrito.
 
 



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