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Aniversário
(Álvaro de Campos)

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A não distribuição uniforme dos versos e a
despreocupação com a distribuição rítmica dão ao poema um tom
confessional, aproximando-o de um texto em prosa. As lembranças
relatadas no texto referem-se a uma data específica lembrada pelo
eu-poético - o dia do aniversário. Esta data é a propulsora para outras
recordações da infância e outras angútias do eu-poético, servindo
também como ponto de referencia temporal quando o eu-poético
intercala-se e contrapõe-se entre o passado e o presente. A época da
infância no poema é marcada pela inocência, pois a criança ainda não
tem noção do que se passa à sua volta: "Eu tinha a grande saúde de não
perceber coisa nenhuma". A passagem da criança para o adulto é marcada
por uma perda, pois ele percebe que a vida não tem mais sentido. O
poeta hoje "é terem vendido a casa", ou seja, é um vazio, que perdeu,
inclusive, o bem mais precioso, a sensação de totalidade, de alegria,
de aconchego dado pela vida em família na infância longínqua. Assim, a
festa de aniversário toma o aspecto simbólico de um ritual familiar e
religioso, dentro do qual a criança se torna o centro de um mundo que a
acolhe e protege carinhosamente.
"As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por
minha causa", denota, com esta adjetivação uma característica comum a
toda infância: o egocentrismo. No presente, não há mais aniversários
nem comemorações: resta ao poeta durar, porque o pensamento amargurado,
critico e pessimista da vida o impede de ter a inocência de outrora. O
tom nostálgico e angustiado do poema dá a sensação de que o eu-poético
vive uma introspecção conflitiva relembrando um passado supostamente
mais feliz que o presente. O trecho "serei velho quando o for. Nada
mais." parece querer dar fim a este conflito interno. "Raiva de não ter
trazido o passado roubado na algibeira !..." conclui o tom confessional
do poema e enfatiza uma espécie de conformismo ríspido e amargurado com
o presente melancólico e sem perspectiva em relação a vida. "O tempo em
que festejavam o dia dos meus anos !" é repetida muitas vezes no texto
dando ênfase a importância da data na lembrança do eu-poético, servindo
também para marcar a justa contraposição entre passado e presente,
respectivamente infância e fase adulta.
O ultimo verso do poema sugere uma acomodação
amargurada em relação ao passado. Em "Eu era feliz e ninguém estava
morto" pode-se notar novamente o conformismo com o presente que pode
não ser o idealizado, mas que está alicerçado em um passado inocente,
de aspecto virginal, contrapondo-se com a atual falta de perspectivas e
a desmotivação para a vida, onde ele diz: "Hoje já não faço anos.
Duro." O eu-poético oraliza um tom de amargura versificado de forma
clara, coesa e coerente, marcando com precisão verbal os estados
temporais e emocionais a que se refere no poema. Por se parecer com uma
"auto-confissão poética", pode-se afirmar que o eu-poético insere no
texto características comuns às pessoas que estão prestes a deixar o
mundo material, ou que neste não sentem mais vontade de estar por muito
mais tempo. A reflexão conflitiva e melancólica sobre o passado, a
amargura em relação ao presente e sensação de que o tempo passou e algo
que deveria ser resgatado perdeu-se em um passado longínquo, são
características comuns em pessoas que encontram-se neste estágio da
existência humana



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