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A Cidade E As Serras
(Eça de Queirós)

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Publicado em 1901, no ano seguinte ao da morte de Eça de Queirós, o romance A Cidade e as Serras foi desenvolvido a partir da idéia central contida no conto ?Civilização?, datado de 1892. Na verdade, o escritor pretendia publicar uma série de pequenos volumes em Que analisaria flagrantes na vida real. Havia ainda, por parte do autor, a promessa de que o volume não passaria de quatro capítulos e cerca de 130 páginas. Ao que parece, os editores demoravam muito para editar obras muitos extensas, dificultadas pelo trabalho de composição tipográfica.

Em 1895, durante cerca de cinco meses, Eça revisou as provas deste volume e introduziu inúmeras modificações. Após a morte do escritor, em 1900, os primeiros capítulos já se encontravam compostos e os demais, ainda em manuscrito, incluindo alguns capítulos inacabados. Coube a Ramalho Ortigão, grande amigo do escritor, rever os originais, decifrá-los, revisara as provas já composta e, inclusive, emendar algumas partes que careciam de sentido.
Para situar a obra A Cidade e as Serras no contexto das obras de Eça de Queirós, é necessário revê-la como um todo. Ao publicar o conto Singularidade duma Rapariga Loura, Eça foi considerado o iniciador da narrativa realista em Portugal. Em seguida, escreveu, em conjunto com o amigo Ramalho Ortigão, a novela policial O Mistério da Estrada de Sintra. Participava do jornal mensal As Farpas que, como o próprio nome indica, tece inflamados artigos propondo reformas e satirizando os costumes, a literatura e a política de Portugal.

Após discursar sobre ?O Realismo como nova expressão de Arte? nas célebres conferências do Cassino Lisboense, publicou em 1875, O Crime do Padre Amaro, romance crítico em que combate a sociedade estagnada e o clero, e coloca em prática a técnica realista de descrever aspectos psicofisiológicos com riqueza de detalhes. Em 1878, volta-se para a família pequeno-burguesa escrevendo o volume urbano O Primo Basílio, revendo a educação da mulher, a constituição moral da família e o ataque ferrenho às instituições burocráticas de Portugal. Produziu, dez anos depois, Os Maias, ambientado em Portugal e em Paris, focalizando com ironia e sarcasmo as altas esferas da sociedade, revelando-se mordaz e irreverente no tratamento da política da vida social e da literatura, com quadros repletos de vivacidade e riqueza estilística.
Encerra-se aí a sua fase combativa, em que a literatura serve como escudo contra instituições, e as palavras são as lanças a serem atiradas com ironia contra Portugal, numa necessidade de denunciar o que havia de pequeno e estagnado em relação a outros países, principalmente os europeus. Nesse período, o autor exercita com perfeição suas técnicas narrativas, manuseia a linguagem com preocupações formais, analisa os caracteres de suas personagens, lapida seu estilo e vai solucionando seus problemas de índole literária, percebendo os limites da imaginação e da observação da realidade.

Depois de Os Maias, inicia uma nova fase, mais elaborada estilisticamente, e mais preocupada em dar vazão à imaginação, deixando-a correr mais solta. Assim, escreve O Mandarim, novela de caráter fantástico colocando ?sobre a nudez forte da verdade ? o manto diáfano da fantasia?, e, pelo mesmo lema, conduz o volume A Relíquia. A partira de A Relíquia é possível perceber o início de uma nova fase, uma fase em que o escritor reconsidera sua pátria, abandonando a sátira mordaz com que vinha retratando a vida portuguesa, substituindo-a por uma ternura quase calma, mais sincera, quase uma redenção, um pedido de desculpas por ter escrito romances em que denunciava o atraso e o provincianismo da terra. A Ilustre Casa de Ramires traz Eça de Queirós referindo-se liricamente aos grandes valores portugueses: o homem, a paisagem e as origens históricas; em A Cidade e as Serras acredita na vida simples e rústica, libertando o bucolismo, valorizando os seres simples, a distância da civilização, a pureza da vida campestre na mais sincera contaminação romântica. Volta-se para a descrição das paisagens mais familiares que costumava ver na infância, O primitivo de A Cidade e as Serras e o apego histórico de A Ilustre Casa de Ramires compõem os romances da última fase do escritor, que, juntamente com A Correspondência de Fradique Mendes, colocam fecho de ouro aos escritos de Eça de Queirós.
 



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